Lava Jato chega ao PT: Vaccari e Duque são denunciados por lavagem e corrupção
Foram denunciadas 27 pessoas pelo desvio de recursos de quatro projetos da Petrobras. Lista de acusados também inclui o ex-gerente de Serviços da companhia Pedro Barusco, um dos delatores do esquema
No total, foram denunciadas 27 pessoas envolvidas no desvio de recursos de quatro projetos da Petrobras - os gasodutos Urucu-Coari e Pilar-Ipojuca e as refinarias Araucária (PR) e Paulínia (SP). A lista de acusados também inclui o ex-gerente de Serviços da companhia Pedro Barusco, um dos delatores do esquema, e executivos das empreiteiras OAS, Setal e Mendes Júnior.
Segundo as investigações da Lava Jato, Vaccari intermediou doações de 4,2 milhões de reais de empresas investigadas que, na verdade, eram oriundos do propinoduto da Petrobras. Foram 24 repasses de empreiteiras, em dezoito meses, no período de 2008 a 2010. "Há doações para o Diretório Nacional do PT e três ou quatro para diretórios locais", afirmou o procurador Deltan Dallagnol. As contribuições foram feitas a pedido de Renato Duque.
Indicado ao cargo na Petrobras pelo ex-ministro mensaleiro José Dirceu, Renato Duque foi preso pela segunda vez nesta segunda, na décima fase da operação, batizada de "Que país é esse?" - o título faz referência à frase que Duque teria dito a seu advogado em novembro passado, quando foi preso pela primeira vez. A prisão foi decretada depois que a força-tarefa da Lava Jato encontrou em Mônaco a fortuna que Duque limpou de contas na Suíça - documentos recebidos pelas autoridades brasileiras comprovam a movimentação do dinheiro no país europeu. Foram bloqueados 20 milhões de euros (67,8 milhões de reais) nas contas de Duque no principado. O Ministério Público verificou que, mesmo depois de deflagrada a operação, Duque seguiu desviando dinheiro de suas contas no exterior. Duque é apontado pelos investigadores como um dos principais arrecadadores de propina do PT.
'Moch' - Vaccari foi citado nos depoimentos do doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do ex-gerente de Serviços da companhia Pedro Barusco. Os três mencionaram o tesoureiro petista como responsável por receber propina em nome do partido. Barusco disse que o petista recebeu aproximadamente 50 milhões de dólares desviados entre 2003 e 2013, e que o valor desviado para o PT, também com a participação do tesoureiro, chegou a 200 milhões de dólares. Também foi Barusco quem decifrou para os investigadores o significado da palavra "Moch", que aparecia nas planilhas detalhando a divisão do dinheiro. Era uma menção ao apelido de Vaccari - "mochila", um acessório que ele sempre carrega.
Paulo Roberto Costa disse que da propina recolhida em sua diretoria - 3% sobre os contratos -, dois terços ficavam com o PT, arrecadados justamente pelo tesoureiro do partido.
Em nota, o advogado de Vaccari, Luiz Flávio Borges D'Urso, negou que o petista tenha solicitado dinheiro para campanhas eleitorais do PT. Ele disse que Vaccari "repudia as referências feitas por delatores a seu respeito, pois não correspondem à verdade".
"O senhor Vaccari não participou de nenhum esquema para recebimento de propina ou de recursos de origem ilegal destinados ao PT. Ressaltamos que causa estranheza o fato de que o senhor Vaccari não ocupava o cargo de tesoureiro do PT no período citado pelos procuradores, durante entrevista no dia de hoje, uma vez que ele assumiu essa posição apenas em fevereiro de 2010", diz a nota.
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