O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), falou na noite desta quarta-feira sobre a tramitação da denúncia por obstrução de Justiça e organização criminosa contra o presidente Michel Temer (PMDB), apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Para Maia, o plano é que os deputados tomem uma decisão sobre a acusação até o feriado do próximo dia 12 de outubro mas, se não for possível, que essa questão “estará resolvida” até outubro.
“Tem o feriado de 12 de outubro. Tem de esperar para ver quando o texto sai da comissão. Dependendo do dia, pode votar antes ou depois do feriado. Mas durante o mês de outubro certamente esta matéria estará resolvida”, afirmou, após participar de comemoração da data nacional do Chile, na embaixada do país. Ele reassume a presidência da Câmara nesta quinta-feira, após quatro dias substituindo Temer no Palácio do Planalto, enquanto o titular viajava para os Estados Unidos.
Rodrigo Maia disse que o plano é decidir sobre a denúncia apresentada pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot “o mais rápido possível, mas respeitado o regimento”. O parlamentar considera importante que “a gente possa avançar nesta pauta”, que reconheceu que atrasou a votação das reformas no Congresso. Maia estimou os prazos com base nos que foram utilizados para a tramitação da primeira denúncia: “O presidente tem até dez sessões para apresentar a defesa. O relator tem até cinco sessões, a comissão vota, 48 horas depois o plenário estará pronto para votar da mesma forma, um a um no microfone”, afirmou.
Ele recusou que os deputados tenham responsabilidade pela demora em aprovar as pautas de interesse do governo. “Quero deixar claro que o atraso na votação das reformas não é culpa da Câmara dos Deputados. Nós não temos responsabilidade pela denúncia. Hoje, alguns ministros falaram do atraso. Mas o atraso infelizmente aconteceu. Nós, aqui, temos de cumprir nosso papel. Não pode o presidente estar denunciado e ficar esse processo esperando”, observou.
‘Silêncio absoluto’
Depois de criticar Temer, que segundo ele faltou com a palavra no assédio do PMDB a deputados do PSB, o deputado disse que não vai se posicionar sobre a denúncia e que pretende ficar “bem distante” do assunto. “Eu vou ficar bem distante desse assunto. Não vou conversar com deputado ou emitir opinião porque, na primeira denúncia, minha opinião foi mal interpretada pelo Palácio do Planalto”, disse. “As vozes do Palácio agora terão o meu silêncio absoluto. Nenhuma opinião. Nem contra, nem a favor”.
Na quarta-feira, após ficar sabendo que o partido do presidente havia convidado o deputado Marinaldo Rosendo (PSB-PE), que negociava uma mudança para o DEM, Maia cobrou que o Planalto seja “mais respeitoso” e disse que “a gente não pode ficar levando facadas do PMDB”. No entanto, ele negou que a animosidade vá interferir no posicionamento dos parlamentares: “Não vamos misturar uma coisa com a outra. Cada deputado vai votar com a sua consciência”, disse.
(Com Estadão Conteúdo)
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