Pular para o conteúdo principal

Prisão se tornou ‘home office’ do crime organizado, diz ministro

Raul Jungmann (Defesa) quer restringir contatos de líderes presos com parentes e advogados, confirma Exército na Rocinha e pede força-tarefa federal no Rio

Em entrevista na qual confirmou o uso da Polícia do Exército no cerco à favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), defendeu que seja interrompida com urgência a comunicação entre comandantes de facções criminosas presos com familiares e advogados e disse que os presídios brasileiros se tornaram “home office [escritório em casa]” do crime organizado.
Na avaliação de Jungmann, a medida seria necessária para “interromper a comunicação do crime que está nas ruas com o crime que está nas prisões”. Ele diz que tem tentado convencer os órgãos de administração penitenciária do país da importância da sua proposta, mas que vem encontrando resistência de advogados criminalistas, que alegam cerceamento do exercício da profissão.
PUBLICIDADE
O ministro da Defesa diz que, apesar da assistência jurídica ser prerrogativa de qualquer preso, “advogados que atuam para bandos como esses podem ser chantageados e ameaçados, sendo obrigados a ajudar as gangues”. Jungmann se defendeu das críticas de omissão do Exército na crise de segurança que atinge a favela desde o último domingo, alegando que as forças só agem a pedido e que o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) só manifestou a necessidade da operação na manhã desta sexta-feira.
Por conta do imediatismo da ação, Jungmann diz que o efetivo que poderá ser deslocado imediatamente são os 700 homens da Polícia do Exército lotados no estado do Rio de Janeiro. Ele diz que o efetivo pode crescer conforme a demanda dos próximos dias, até o limite máximo de 10.000 homens, que “é excessivo e só será utilizado em caso de necessidade”.
O ministro da Defesa argumentou ainda que a função das Forças Armadas no local é apenas dar apoio à operação policial. “Exército não substitui polícia. Quem tem informação e está na ponta do atendimento ao cidadão é a polícia. Nós só atuamos por demanda”, afirmou. Ele negou que exista “escassez” de recursos para a atuação dos militares. “Até hoje, nós não tivemos nenhuma escassez nem faltou recurso para realizar operação policial no Rio de Janeiro”, concluiu.

Força-tarefa federal

Jungmann anunciou que se reuniu com a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para discutir a questão do Rio de Janeiro e defendeu a criação de uma força-tarefa federal para discutir a segurança pública e a normalidade institucional do estado. “Nós temos a necessidade de uma força-tarefa incluindo Ministério Público Federal, Polícia Federal e Justiça Federal, dedicada ao Rio de Janeiro, para combater o crime organizado e o Estado paralelo”, afirmou. Ele disse que Dodge recebeu “muito bem” a sugestão, mas que ficou de dar uma resposta nos próximos dias.
Outro tópico da conversa do ministro com a procuradora-geral, que diz respeito aos direitos dos presos e à segurança nas unidades penitenciárias, é a localização do parlatório. Jungmann defende que as unidades sejam reestruturadas, de modo que o local onde presos têm contato com visitantes seja transferidos para a parte interna das unidades prisionais, diminuindo o deslocamento dos detentos e a exposição destes a outros presos.
Ele acrescentou ainda que, nos próximos dias, o governo federal vai dar uma outra ajuda para resolver a crise de segurança do estado: um “pacote social”, que está sendo desenhado, segundo ele, pelo presidente Michel Temer (PMDB) e pelo ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra (PMDB), para coibir a retomada da escalada de violência.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular