Pular para o conteúdo principal

PMDB quer extinguir Fundação Ulysses Guimarães para escapar de fiscalização do MP

Após Ministério Público vetar manobra do partido que tenta pegar R$ 5 milhões da fundação, políticos da sigla decidem transformá-la em instituto



manobra O senador Romero Jucá. Ele propôs  uma Emenda Constitucional que reduziria  o alcance das investigações (Foto: Alan Marques/Folhapress)
Quase um mês após o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios vetar uma manobra orientada pelo senador Romero Jucá (RR) para abocanhar R$ 5 milhões do caixa da Fundação Ulysses Guimarães (FUG), a Executiva Nacional do PMDB decidiu, por unanimidade, levar para votação na Convenção Nacional Extraordinária da sigla, no dia 4 de outubro, a proposta de extinguir a fundação partidária, transformando-a em um instituto. Na prática, a iniciativa muda a natureza da fundação, criada para a formação política do partido, deixando-a livre da fiscalização do Ministério Público.
Caso seja transformada em instituto, a entidade não precisará mais ter as deliberações de seu Conselho Curador, responsável pela administração da FUG, submetidas ao crivo do Ministério Público. A iniciativa de mudar a natureza do órgão, escapando da fiscalização do MP, ocorre ao mesmo tempo que o partido deve anunciar sua mudança de nome, para MDB, e também a adoção de regras de compliance na estrutura partidária. Como revelou ÉPOCA, a tentativa de reverter R$ 5 milhões do caixa da fundação para o partido foi uma forma de Romero Jucá procurar cumprir a promessa feita no ano passado aos candidatos da sigla de que eles poderiam assumir dívidas de campanha por meio dos diretórios regionais do PMDB.
Atualmente, a Fundação Ulysses Guimarães possui autonomia e suas atividades são custeadas com 20% dos recursos do Fundo Partidário destinados ao PMDB. Por meio de nota, a assessoria do partido afirmou que “não há qualquer intuito de fugir da fiscalização do MP” e que as contas continuarão a ser fiscalizadas, só que pelo TSE. “É uma decisão interna do partido, seguindo a tendência do TSE de que a fiscalização do uso dos recursos do fundo partidário seja exclusivamente do TSE”, diz o partido em nota.

Para o presidente do Conselho Curador da FUG, Esacheu Nascimento, contudo, a medida do PMDB indica que o partido “não quer a fiscalização” do Ministério Público. “Muito possivelmente o partido quer o retorno dos recursos para ser usados de outra maneira, e com isso o Conselho não concorda”, afirmou.
Nascimento disse que o Conselho Curador vai encaminhar um comunicado a Jucá pedindo que a proposta de excluir a fundação seja retirada da pauta da Convenção Nacional do partido. Ele lembra que, de acordo com o estatuto da própria FUG, a extinção da entidade deve ser deliberada pelo Conselho Curador, que tem reunião marcada, com a presença do MP, para o dia 3 de outubro, um dia antes da convenção partidária. O PMDB, por sua vez, alega que uma resolução do TSE determina que a extinção da fundação deve ser feita por decisão do diretório nacional do partido.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.