Venezuela: Oficialismo promete Constituinte em 72 horas, e oposição convoca marchas
Mortes marcam ápice da repressão em dia de eleição com baixo comparecimento
CARACAS — Após as urnas terem fechado na eleição de uma Assembleia Constituinte para a Venezuela, o número 2 do oficialismo, Diosdado Cabello, disse que o órgão será instalado em no máximo 72 horas, ignorando mais uma vez os pedidos da comunidade internacional para que o governo recue. A oposição convocou novas marchas contra a instauração do órgão para segunda e quarta-feira em todo o país. A perspectiva é que a violência continue após a votação decretada pelo presidente Nicolás Maduro, marcada pela árdua repressão e também pelo baixo comparecimento. Pelo menos 14 pessoas morreram durante protestos ao longo do dia.
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Longe da festa democrática prometida pelo governo Maduro, a eleição para formar sua polêmica Assembleia Constituinte realizada neste domingo foi totalmente ofuscada pela violência feroz dos corpos de segurança do Estado. A repressão alcançou seu auge, e as imagens de manifestantes sendo atacados e detidos de forma arbitrária circularam durante todo o dia, enquanto os centros de votação montados pelo governo chavista registraram uma participação muito inferior à esperada.
— Não reconhecemos este processo fraudulento. Para nós é nulo, não existe — disse o líder opositor Henrique Capriles.
Ainda não foram divulgados dados oficiais, mas dirigentes da oposição e analistas locais calcularam que, nas estimativas mais otimistas para o governo, cerca de 2,2 milhões de venezuelanos (do total de 19,5 milhões de eleitores) votaram na Constituinte de Maduro — embora Diosdado Cabello, número 2 do chavismo e candidato da Constituinte comemorasse recorde de participação popular. Espera-se que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) divulgue resultado bem acima desse número, que a oposição já antecipou que não reconhecerá.
O processo eleitoral venezuelano foi rechaçado pelos governos de Argentina, Peru, Canadá, Colômbia, Panamá e Estados Unidos. O Itamaraty, por sua vez, lamentou em nota que a Venezuela tenha ignorado os pedidos da comunidade internacional para desistir do pleito e instou as autoridades a suspenderem o que considera um novo passo de agravamento à crise política. Não informou, no entanto, se reconhecerá ou não o resultado da votação.
A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, definiu a votação como uma “farsa”: “É mais um passo em direção à ditadura”, condenou, em sua conta no Twitter. “O povo e a democracia venezuelanos prevalecerão”. De acordo com o Wall Street Journal, a Casa Branca estaria se preparando para anunciar, talvez hoje mesmo, sanções econômicas contra o setor petrolífero venezuelano.
Já o governo do presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou que o governo venezuelano ignorou os “apelos da comunidade internacional” e de países do Mercosul: “A eleição de hoje não respeita a vontade de mais de sete milhões de cidadãos venezuelanos que se pronunciaram contra sua realização. A Argentina não reconhecerá os resultados desta eleição ilegal”.
O Peru definiu a Constituinte venezuelana como “ilegítima” e exortou Maduro a garantir um “autêntico diálogo nacional”. Já a Secretaria de Comunicação do governo panamenho divulgou um comunicado anunciando que não reconheceria o resultado devido aos “vícios que já estão identificados neste processo”. O rechaço da Colômbia foi antecipado pelo presidente Juan Manuel Santos, semana passada.
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