Pular para o conteúdo principal

Secretaria de Segurança rebate MP e diz que Rocha Loures é monitorado

Promotor de Justiça encaminhou ofício à PGR relatando suspeita de que ex-deputado não estaria sendo vigiado após ter colocado tornozeleira eletrônica em Goiânia.

Tornozeleira eletrônica pode não estar monitorando Rodrigo Rocha Loures
A Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) rebateu as suspeitas de que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures não estaria sendo monitorado pela tornozeleira eletrônica, instalada em Goiás. A possibilidade foi levantada pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). Em nota, a secretaria disse que o monitoramento "está sendo feito via satélite", assim como é feito com qualquer outro preso.
O comunicado salienta ainda que o aparelho foi solicitado pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que é quem financia grande parte das tornozeleiras do estado e por isso tem o direito de requisitar o equipamento, uma vez que o MP-GO também havia questionado se Rocha Loures não teria sido privilegiado por receber o equipamento.
O promotor de Justiça Fernando Krebs, responsável pelo caso, já havia comunicado a Procuradoria Geral da República (PGR) sobre a situação. No ofício, o órgão também é informado de que foi requisitada a devolução imediata do equipamento à SSPAP.
Para embasar seu pedido, Krebs afirma que não entende como um preso pode ser monitorado por Goiás se está em outro unidade da federação, no caso, o Distrito Federal. "Imaginemos, por exemplo, um indivíduo que está, estaria sendo monitorado no Amazonas, em outro Estado, ele não está sendo monitorado, está só com uma tornozeleira eletrônica", afirma.
A tornozeleira eletrônica usada por Loures foi cedida pela Segurança Pública de Goiás no último dia 1º de julho. O ex-deputado estava preso desde o dia 3 de junho, quando foi flagrado pela PF recebendo uma mala, em São Paulo, com R$ 500 mil que, segundo delatores da JBS, eram dinheiro de propina. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin mandou soltá-lo, mediante o monitoramento, mas a Polícia Federal disse não ter o dispositivo disponível, por isso, o equipamento foi cedido por Goiás.
SSPAP rebateu suspeitas de que Rocha Loures não estaria sendo monitorado (Foto: André Dusek / Estadão Conteúdo)SSPAP rebateu suspeitas de que Rocha Loures não estaria sendo monitorado (Foto: André Dusek / Estadão Conteúdo)
SSPAP rebateu suspeitas de que Rocha Loures não estaria sendo monitorado (Foto: André Dusek / Estadão Conteúdo)

SSPAP nega privilégio

O MP-GO abriu inquérito para apurar se Rocha Loures foi privilegiado ao receber o aparelho, enquanto há reclamações de que faltam tornozeleiras para presos e todo o estado. Segundo o Ministério Público, 18 comarcas registram falta do equipamento.
O superintendente executivo de administração penitenciária da SSPAP, coronel Victor Dragalzew, afirmou que o político não foi privilegiado ao receber o equipamento e que não há falta de tornozeleiras em Goiás.
“O Estado cedeu o equipamento atendendo a uma solicitação do Departamento Nacional Penitenciário [Depen]. É uma determinação judicial. Não compete a nós analisarmos se essa decisão foi acertada ou não", afirmou.
Dragalzew afirma que há 957 pessoas monitoradas no estado e o atual convênio permite que sejam usados até 1.855 equipamentos. Cada tornozeleira custa R$ 283 por mês aos cofres públicos.
Anteriormente, a Superintedência Executiva de Administração Penitenciária (Seap) já havia informado, por meio de nota, que “Goiás e DF trabalham em parceria em diversas circunstâncias e, sempre que é preciso, cooperam entre si”. Além disso, o órgão informou que "está em curso processo de licitação para adquirir mais 5 mil tornozeleiras eletrônicas".

Novas tornozeleiras

A assessoria de imprensa da Spacecom, empresa responsável por fornecer as tornozeleiras, à SSPAP, informou que o estado ainda deve R$ 1,4 milhão. A dívida já foi motivo de interrupção no fornecimento de informações dos monitorados à Secretaria de Segurança. Atualmente, segundo a companhia, as tornozeleiras não estão sendo devolvidas após manutenção, por causa da falta de pagamento.
O secretário de segurança pública de Goiás, Ricardo Balestreri, afirmou, nesta sexta-feira (7), que o pagamento já foi determinado pelo governador Marconi Perillo (PSDB). “O governador, hoje de manhã, autorizou a liquidação total da dívida. Isso começa a ocorrer imediatamente na semana que vem”, afirmou em entrevista à TV Anhanguera.
Ainda conforme o secretário, após o pagamento, devem ser solicitadas mais mil tornozeleiras emergenciais para o estado.
Rodrigo Rocha Loures esteve em Goiânia apenas para colocar a tornozeleira  (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Rodrigo Rocha Loures esteve em Goiânia apenas para colocar a tornozeleira  (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Rodrigo Rocha Loures esteve em Goiânia apenas para colocar a tornozeleira (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Prisão de Loures

Após Rocha Loures deixar a Polícia Federal, o advogado dele, Cezar Bitencourt, avaliou à TV Globo que "foi feita justiça" porque, na visão da defesa, não havia necessidade da prisão.
Pela decisão do ministro Edson Fachin, Rocha Loures:
  • Deverá permanecer em casa à noite (das 20h às 6h), nos finais de semana e em feriados, fiscalizado por monitoramento eletrônico (tornozeleira);
  • Não poderá ter contato com qualquer investigado, réu ou testemunha relacionados aos atos pelos quais responde;
  • Está proibido de deixar o país e deverá entregar o passaporte;
  • Terá de comparecer em juízo sempre que requisitado para informar e justificar suas atividades, mantendo informado o endereço no qual poderá ser encontrado;
Na decisão que mandou soltar Rocha Loures, o ministro Fachin considerou que não há risco de "reiteração delitiva" por parte do ex-deputado "em face do transcurso de lapso temporal e das alterações no panorama processual".
Antes mesmo de Rocha Loures ser preso, o advogado dele enviou uma manifestação ao Supremo na qual disse que o pedido de prisão, apresentado pela Procuradoria Geral da República, tinha como objetivo "forçar a delação" do cliente.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular