Oposição deve esvaziar sessão destinada à votação da denúncia contra Temer
Votação está marcada para a próxima quarta-feira, mas sessão pode ser adiada se presença mínima de 342 deputados não for atingida. Presidente foi denunciado por corrupção passiva.
Por Bernardo Caram, G1, Brasília
Diante da avaliação de que a base de apoio ao governo pode conseguir os votos suficientes para barrar a denúncia contra o presidente Michel Temer, partidos que fazem oposição ao Palácio do Planalto passaram a estudar a estratégia de esvaziar a sessão destinada à votação da denúncia.
Temer foi denunciado pela Procuradoria Geral da República por corrupção passiva com base na delação premiada dos executivos da J&F, que controla o frigorífico JBS. Para que o Supremo Tribunal Federal (STF) possa decidir se instaura processo, a denúncia precisa ser autorizada pela Câmara com ao menos 342 votos.
A sessão de plenário para analisar a denúncia, marcada para a próxima quarta-feira (2 de agosto), será aberta com a presença de 51 deputados na Câmara. Mas, para que a votação seja efetivamente iniciada, será exigida a presença de pelo menos 342 deputados em plenário.
Estratégia da oposição
O líder do PDT na Câmara, Weverton Rocha (MA), afirmou que partidos da oposição estão em negociação para que seus deputados estejam na Câmara, mas só marquem presença depois que a base do governo conseguir, por conta própria, atingir o número de 342 presentes.
O parlamentar acredita que, caso a votação ocorra, é maior a chance de que a denúncia seja rejeitada pela Câmara.
“Eu acredito que o governo vai ter muitas perdas, mas o nível de mobilização deles deve fazer com que eles se segurem para essa primeira [denúncia]. Para a segunda e a terceira [que ainda podem ser apresentadas], eles não terão essa força”, disse o pedetista.
Outras estratégias estão em avaliação pelos oposicionistas. Uma reunião entre as bancadas contrárias ao governo Temer para definir a linha de atuação está marcada para terça (1º), véspera da votação.
Para o líder da minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE), o “jogo de xadrez” só se resolverá no dia 2, quando a oposição decidirá se marcará presença ou não na sessão.
“Isso será analisado milimetricamente no dia 2”, disse, afirmando que não seria ruim se a votação fosse adiada por falta de quórum. “Sangrar um pouquinho não faz mal a ninguém”, enfatizou.
Pressão social
Além da possibilidade de não dar quórum, o líder do PT, Carlos Zarattini (SP), afirmou que não está descartada a estratégia de a oposição marcar presença e contar com a pressão social para que mais deputados votem a favor da denúncia.
“O cenário que a gente está vendo não revela ainda a pressão que está havendo nas bases dos deputados. Até agora, quem aparece jogando é o Palácio do Planalto, liberando emendas e recursos”, disse. “Se houver votação, um número grande de deputados da base aliada vai votar contra o governo”, disse.
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