Pular para o conteúdo principal

Os passos da Coreia do Norte rumo à tragédia

Adversários e vizinhos do país mais isolado do mundo testam os limites das opções diplomáticas, econômicas e militareImagem Coreia do Norte (Foto: Época)


 
Os Estados Unidos enviaram dois aviões bombardeiros à Península Coreana no sábado (8), como reação ao teste de míssil que a Coreia do Norte fizera dias antes. Os exercícios militares foram realizados junto com a Coreia do Sul. Em resposta, a imprensa oficial norte-coreana disse que os exercícios poderiam facilmente ser mal interpretados e provocar uma reação, tornando-se “o estopim de uma guerra nuclear" que, por sua vez, “levará inevitavelmente a uma nova guerra mundial”. O que levou esses países a uma discussão tão inflamada?
O lançamento do míssil no dia 4 deste mês foi mais uma demonstração do avanço do programa armamentista da Coreia do Norte à comunidade internacional. O país anunciou que testara com sucesso um míssil balístico intercontinental (ICBM) de alcance de 6.700 quilômetros – em tese, é a primeira ameaça direta a território americano, pois esse alcance basta para atingir os estados do Alasca e do Havaí. Nesta terça-feira (11), o congressista sul-coreano Yi Wan-young, integrante do Comitê de Inteligência do Parlamento de seu país, manifestou ceticismo. Ele afirmou que a Coreia do Norte parece não ter a tecnologia necessária para que um míssil suporte o calor de reentrada na atmosfera, indispensável para um verdadeiro ICBM. Mas muitos dos especialistas que hesitaram inicialmente em dar ao artefato a classificação de “intercontinental” chegaram a um consenso: embora ainda não carregue ogivas nucleares, o Hwansong-14 já merece essa classificação e logo será sucedido por armas com alcance ainda maior. O ex-diretor da CIA Michael Hayden afirmou à rede de TV americana CNN que a Coreia do Norte deverá, até 2020, ser capaz de atingir a Costa Oeste dos Estados Unidos com um míssil nuclear.
O feito ameaçador é do governo de Kim Jong-un, líder supremo da Coreia do Norte desde 2011, o terceiro de sua família a governar aquela nação desde 1948. Há décadas a família Kim reafirma seu poder ao manobrar um arsenal crescente e um discurso de resistência contra a ameaça externa (especificamente, Estados Unidos e Coreia do Sul). Segundo a consultoria de análise de risco Stratfor, o desenvolvimento da capacidade nuclear reflete a obsessão com que o regime norte-coreano traça seus objetivos, e esse é um dos motivos pelos quais os países ameaçados o levam tão a sério. Só aumenta a tensão entre a Coreia do Norte e várias das nações mais ricas e poderosas do mundo. “Mais sanções econômicas e pressão na China virão por parte dos Estados Unidos”, acredita Katy Oh Hassig, especialista em Ásia do Instituto para Análises de Defesa (IDA, na sigla em inglês). A China é um país-chave nessa equação, por manter relações diplomáticas com a Coreia do Norte e com as outras potências envolvidas.
Ditadores como Saddam Hussein, do Iraque, e Muammar Khadafi, da Líbia, foram derrubados por forças armadas convencionais. Kim Jong-un, reafirmando a estratégia refinada por seu pai e seu avô, coloca-se numa posição completamente diferente. Seu arsenal e sua proximidade com a Coreia do Sul e com o Japão, duas democracias ricas e aliadas dos Estados Unidos, o tornam muito mais poderoso e ameaçador. Questionam-se a eficácia e as consequências de qualquer tipo de reação por parte dos Estados Unidos, militar ou econômica – e quem precisa lidar com essa relativa impotência é justamente um presidente como Donald Trump, mais famoso pela impulsividade que pela capacidade de administrar problemas complexos. “Enquanto a família Kim não sair do poder, não há solução para o assunto”, diz Hassig, do IDA. Não sem motivo, o relógio do fim do mundo, uma representação simbólica de quão próxima a humanidade está da “meia-noite” – a aniquilação –, avançou para 23:57:30 no início do ano. É a pior situação desde 1953, quando Estados Unidos e União Soviética testaram suas bombas H.
Infográfico Coreia do Norte (Foto: Época)

 s

GIOVANNA WOLF TADINI E MARCOS CORONATO
12/07/2017 - 18h51 - Atualizado 12/07/2017 19h46

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Ex-presidente da Petrobras tem saldo de R$ 3 milhões em aplicações A informação foi encaminhada pelo Banco do Brasil ao juiz Sergio Moro N O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil) Em documento encaminhado ao juiz federal Sergio Moro no dia 31 de outubro, o Banco do Brasil informou que o ex-presidente da Petrobras e do BB Aldemir Bendine acumula mais de R$ 3 milhões em quatro títulos LCAs emitidos pela in...
Grécia e credores se aproximam de acordo em Atenas Banqueiros e pessoas próximas às negociações afirmam que acordo pode ser selado nos próximos dias Evangelos Venizelos, ministro das Finanças da Grécia (Louisa Gouliamaki/AFP) A Grécia e seus credores privados retomam as negociações de swap de dívida nesta sexta-feira, com sinais de que podem estar se aproximando do tão esperado acordo para impedir um caótico default (calote) de Atenas. O país corre contra o tempo para conseguir até segunda-feira um acordo que permita uma nova injeção de ajuda externa, antes que vençam 14,5 bilhões de euros em bônus no mês de março. Após um impasse nas negociações da semana passada por causa do cupom, ou pagamento de juros, que a Grécia precisa oferecer em seus novos bônus, os dois lados parecem estar agindo para superar suas diferenças. "A atmosfera estava boa, progresso foi feito e nós continuaremos amanhã à tarde", d...