Sérgio Cabral ‘apadrinhou’ esquema de corrupção no Rio, diz PGR
Afirmação foi feita em manifestação da Operação Saqueador, que investiga desvios de dinheiro pela construtora Delta Engenharia, de Fernando Cavendish
Os procuradores ressaltam que existiu “um gigantesco esquema de corrupção de verbas públicas” no Estado. “As investigações produziram fortes elementos que apontam para a existência de gigantesco esquema de corrupção de verbas públicas no Rio de Janeiro, que contou, inclusive, com o apadrinhamento do então governador de Estado Sérgio Cabral, conforme se extrai das declarações de colaboradores”, destacaram. Assinam a ação penal da Saqueador os procuradores da República Rodrigo Timóteo C. e Silva, Eduardo Ribeiro El Hage, Lauro Coelho Júnior, Renato Silva de Oliveira, Leonardo Cardoso de Freitas e pelo procurador regional da República José Augusto Vagos.
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“Tal esquema delituoso, como descreve a denúncia, envolveu desvio de verbas destinadas a importantes obras públicas a exemplo da construção do Parque Aquático Maria Lenk, para os Jogos Panamericanos de 2007 e a reforma e construção de Estádios para a Copa do Mundo de 2014 [Maracan]”, assinalam os procuradores.
Segundo a Operação Saqueador, entre 2007 e 2012, a Delta teve 96,3% do seu faturamento oriundo de verbas públicas em um montante de quase 11 bilhões de reais. Deste total, 370 milhões de reais teriam sido lavados por meio de dezoito “empresas” localizadas em endereços onde funcionam consultório de dentista, loja de gesso e até um matagal na beira de uma estrada. Alguns endereços não existem.
Cavendish era um antigo aliado de Sérgio Cabral. Na semana passada, o jornal O Globo mostrou que, em 2009, o empresário pagou um anel de 800.000 reais à então esposa de Cabral, Adriana Ancelmo. A joia, porém, foi devolvida quando eles romperam a amizade. Isso aconteceu depois que surgiram revelações de que a Delta usava as empresas do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para lavar dinheiro. A descoberta foi um desdobramento da Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal em Goiás para desarticular um grupo que explorava máquina caça-níqueis e levou o diretor da Delta Centro-Oeste, Claudio Abreu, para a prisão. Paulo Fernando Magalhães Pinto, um amigo do ex-governador, foi quem entregou a joia a Cavendish.
Preso em julho deste ano, Cavendish negocia um acordo de delação premiada, no âmbito da Operação Saqueador, no qual pretende detalhar supostos pagamentos de propinas a políticos do PMDB e do PSDB relacionados a obras nos governos de São Paulo, Rio e Goiás, além de estatais federais como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Petrobras. Além de Cabral, o empresário cita também o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Ao jornal, Cabral negou envolvimento com “qualquer ilicitude”.
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