Pular para o conteúdo principal

Decisão tomada por Mendes sobre inquérito que envolve Aécio pode ser chamada de óbvia

Não há nada de especial ou formidável em despacho do ministro; como o inquérito existe, ele tem de andar. O que há de surpreendente nisso?

Por: Reinaldo Azevedo             
 
 
A notícia começou a circular na noite desta segunda e chegou meio atrapalhada à imprensa. Nessas horas, costumo pensar: “Coitado do telespectador, do ouvinte, do internauta, do leitor!…”. Aí os blogs de esquerda e a folia nas redes sociais se encarregam de fazer o resto…  Até os que chegaram perto do fato derraparam um pouco. A que me refiro? Explico.
Comecemos pela história. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo, autorizou, em maio, a abertura de um inquérito para apurar se o agora senador Aécio Neves (PSDB-MG), então governador de Minas, atuara, em 2005, para manipular dados fornecidos pelo Banco Rural à CPI dos Correios. Tal manipulação serviria ao propósito de apagar pistas do chamado “mensalão mineiro”. Também são investigados nesse inquérito o agora prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), que, à época, era deputado federal pelo PSDB, e Clésio Andrade, que era vice de Aécio.
A investigação nasceu da delação premiada de Delcídio do Amaral, ex-senador petista, que teve o mandato cassado.
Muito bem! O que aconteceu nesta segunda? Um mero desdobramento da investigação. A pedido de Rodrigo Janot, procurador-geral da República, Mendes autorizou a Polícia Federal a analisar vídeos que registram o transporte de caixas que estavam numa sala que abrigava documentos da CPI dos Correios para a Coordenação de Arquivos do Senado. Tal transporte foi feito a pedido do gabinete no senador, que afirmou precisar dos dados para organizar a sua defesa. Foram removidas da sala 46 das quase mil caixas que integram o acervo.
Mendes decidiu ainda que Delcídio, que foi presidente da CPI dos Correios, passou a ser também um investigado.
O que isso quer dizer? Que não há mudança nenhuma de status em relação ao que se tinha antes. Nem se aprofunda a investigação sobre Aécio nem se agrava a sua situação, a menos que se venha a demonstrar que houve tentativa de supressão de provas, o que se afiguraria impossível porque, por óbvio, o Banco Rural mantém os seus registros.
Não há, portanto, nada de formidável na decisão tomada por Gilmar Mendes. Isso apenas significa que o inquérito está em curso. “E por que essa questão não está com Teori Zavascki, que é o relator do caso do petrolão no Supremo?” Porque isso nada tem a ver com o escândalo que teve a Petrobras como epicentro. Esse caso remonta a 2005 a está relacionado ao chamado “mensalão”. Segundo a delação premiada de Delcídio, o objetivo era esconder evidências de que o mensalão mineiro teria antecedido aquele conjunto de crimes.
Assim, o procedimento desta segunda, autorizado por Mendes, deveria ser não mais do que uma nota de rodapé. Mas sabem como é… Existe a lei das compensações: como se noticia safadeza de petistas o tempo inteiro, é preciso dar destaque a procedimentos que tenham tucanos como alvos, ainda que eles integrem a rotina de uma investigação.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular