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Ideias asnais sobre financiamento de campanha

Relator da reforma política, o petista Vicente Cândido, seguindo a tradição do seu partido, promete se esforçar para piorar o que já é ruim

Por: Reinaldo Azevedo             
 
 
Santo Deus!
O relator da reforma política na Câmara é Vicente Cândido (PT-SP). Isto mesmo: a relatoria ficou com um deputado do partido que é estrela do petrolão e que está na raiz da esdrúxula proibição da doação de empresas a campanhas, tese que acabou prosperando no Supremo e que jogou a disputa eleitoral na semiclandestinidade. Uma única beneficiária do Bolsa Família fez uma doação de R$ 75 milhões. O que lhes parece? O doutor já avisou que, em seu relatório, a proibição da doação de empresas será mantida. Ele não decide sozinho, claro! Mas um relator sempre é influente.
Os senhores parlamentares parecem no mundo da lua. As teses as mais esdrúxulas vão prosperando. Uma delas é que as empresas deveriam fazer doações para um fundo eleitoral, que seria gerenciado pelo TSE, e o dinheiro seria distribuído proporcionalmente aos partidos. Parece brincadeira? Parece. Mas há quem fale isso realmente a sério. Seria assim: uma empresa que decidisse colaborar estaria, por exemplo, ajudando a financiar o PSOL, que é contra o capitalismo, entenderam?
É o fim da picada. Qualquer proposta que impeça que a doação seja dirigida, segundo a vontade de quem doa, ao partido A ou ao partido B é autoritária. Estrangular os recursos de campanha, como se fez neste 2016, levará ao óbvio: à multiplicação do caixa dois.
E, se depender de Vicente Cândido, o dinheiro ilegal nas campanhas crescerá ainda mais. Ele teve uma ideia de gênio. Além de manter a proibição da doação de pessoas jurídicas, ele quer estabelecer um teto igual para todos para doações de pessoas físicas — o que, se prosperasse, iria emagrecer ainda mais o caixa. Adivinhem: mais recursos ainda circulariam por fora. Não há ideia ruim que um petista não possa piorar.
É impressionante! O debate obtuso que se passou a fazer a partir da Lava Jato está empurrando as eleições para o colo do crime organizado. É um exemplo claro de como se pode jogar fora a criança junto com a água suja. Desde que se descobriu que se usou a doação legal para pagamento de propina, essa modalidade de financiamento ficou amaldiçoada. Ocorre que sem recursos privados em disputas eleitorais — presentes em todo o mundo democrático — tem-se o óbvio: o dinheiro sujo se apresenta.
Definitivamente, não vivemos dias muito iluminados.

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