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Quem é o ex-cartola que pode derrotar o afilhado de Aécio em BH

Vitória de Alexandre Kalil, que presidiu o Atlético-MG por seis anos e que sustenta o discurso antipolítico, seria o pior pesadelo do senador tucano

Alexandre Kalil (PHS-MG) estreou na política neste ano como postulante à Prefeitura de Belo Horizonte e, em pouco tempo, tornou-se a maior pedra no sapato de Aécio Neves (PSDB-MG).
O tucano é o principal fiador da candidatura de João Leite (PSDB-MG), deputado estadual por seis mandatos, que vinha liderando todas as pesquisas de intenção de voto até esta quinta-feira, quando o Ibope acusou a virada de Kalil: 54% das intenções de voto, contra 46% do deputado.
Presidente do Atlético-MG entre 2008 e 2014, o “outsider” Kalil não teria chegado até aqui sem a fama que conquistou como cartola. De estilo “sem papas na língua”, é amado e odiado. Irritou muitos torcedores com declarações nada lisonjeiras (“[Ser cruzeirense] é igual a ser aleijado. Coitado, não tem culpa, nasceu!”), mas estava à frente do Galo na inédita conquista da Copa Libertadores, em 2013.
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Sua figura era tão conhecida na capital mineira que nem os míseros 20 segundos de que dispunha no horário eleitoral ou a ausência de um padrinho político o impediram de alcançar o segundo turno.
O segundo ingrediente do fenômeno Kalil é seu discurso antipolítico – à semelhança do de João Doria em São Paulo , que tenta emplacar a imagem de gestor, mas em versão “homem do povo”. A estratégia aparece mais agora que ele e João Leite dispõem do mesmo tempo de televisão, mas já despontava nos debates do primeiro turno.
Em um deles, para justificar sua dívida de 100 mil reais de IPTU com a Prefeitura de BH, Kalil afirmou: “Eu não sou deputado, sou igual a você que está aí, que é pobre, sofre, tem que pagar conta (…) Se eu devo é porque eu tô apertado”. Seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral é de 2,8 milhões de reais.
Além de cartola, Kalil é engenheiro e dono da Erkal Engenharia, que teve falência decretada a menos de uma semana do primeiro turno. É difícil conciliar esse fato com a ideia de um bom gestor. Mais difícil é dizer que o trabalho de cartola nada tem a ver com a política. Mas o fato é que, em BH, a ideia, aparentemente, colou.
A ausência de vínculos políticos também deixou o candidato do PHS muito à vontade para criticar todos, inclusive o atual prefeito, Marcio Lacerda (PSB), que amarga baixa popularidade no final de seu mandato (64% dos belorizontinos desaprovam sua gestão, segundo o Ibope). O mesmo não pode fazer João Leite, já que tanto ele quanto Lacerda são ligados a Aécio. O ex-cartola agregou, assim, também os votos petistas e anti-Aécio na cidade – até de alguns cruzeirenses.
No meio dessa história, o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), pouco espaço teve. Atolado até o pescoço com as investigações da Operação Acrônimo, não deu as caras nem na campanha do candidato do PT no primeiro turno. A vitória de Kalil, nesse momento, representaria um pequeno alento ao petista, pela derrota do partido rival.
O impacto forte sobrará mesmo a Aécio. Se a tendência mostrada pelo Ibope se confirmar, o revés para o senador é imenso. Vale lembrar que a influência do tucano foi determinante na eleição e reeleição do atual prefeito de BH e que, em 2014, o senador teve generosa vantagem sobre Dilma Rousseff na votação na capital mineira.
Se Aécio não conseguir eleger seu afilhado no próprio curral eleitoral, sua influência no PSDB será colocada em xeque e o mineiro pode perder a chance de sair candidato a presidente pelo partido em 2018.
Enquanto isso, seu principal oponente nessa disputa, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) fez de seu afilhado, o empresário João Doria, o primeiro prefeito eleito em primeiro turno em São Paulo, numa demonstração de força política.

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