O PT tenta se reinventar. Mas anda sem ideias…
Legenda não consegue achar um nome alternativo a Lula para a presidência; chefão petista, no entanto, está enrolado
O PT deveria trocar a sua direção nacional no segundo semestre do ano que vem. Antecipou para o primeiro. O desastre eleitoral deste 2016 e o risco de uma debandada de parlamentares pressionam as várias correntes a buscar uma saída. Há quem não queira mudar nada, como Gilberto Carvalho. Para ele, basta reunir a tropa, mirar no governo Temer e botar o bloco na rua. E há quem queira mudar tudo, a exemplo de algumas correntes de esquerda. O problema de mudar tudo é que nunca se sabe por onde começar.
É a maior crise da história da legenda, que sempre resolveu suas dissensões internas tendo um ponto de ancoragem: Luiz Inácio Lula da Silva. Ele era o redutor de todas as divergências e o denominador comum de todas as tendências. Ainda hoje ninguém se atreve, nem à esquerda, a contestar seu nome para a presidência da legenda, caso ele opte por isso.
Mas, ora vejam, o próprio Lula parece, nesse particular ao menos, ter mais bom senso que seus “companheiros”. Tem dito que é preciso encontrar outro nome. Como é que alguém que é réu três vezes, investigado pelo Supremo, com a possibilidade concreta — e nem vou entrar no mérito — de ter a prisão preventiva decretada, pode assumir a presidência da sigla?
É evidente que os problemas de Lula com a Justiça passariam a ser sinônimos dos problemas do partido.
A moda das narrativas
O PT está perdido. Encontra-se no mato sem cachorro. Virou moda hoje em dia atribuir tudo a uma disputa por narrativas. Aquilo que, de fato, pode ser um conceito interessante para analisar a política — vale dizer: a construção dos discursos que explicam a realidade — está se tornando um maneirismo e um fetiche. Fica parecendo que basta encontrar, no fim das contas, uma desculpa e uma justificativa, e o resto se resolve.
O PT está perdido. Encontra-se no mato sem cachorro. Virou moda hoje em dia atribuir tudo a uma disputa por narrativas. Aquilo que, de fato, pode ser um conceito interessante para analisar a política — vale dizer: a construção dos discursos que explicam a realidade — está se tornando um maneirismo e um fetiche. Fica parecendo que basta encontrar, no fim das contas, uma desculpa e uma justificativa, e o resto se resolve.
Uma ova! As esquerdas do PT querem renovar a direção. Os velhos quadros, a exemplo de Carvalho, acham que isso é bobagem. Os que falam em mudança radical propõem fazer um congresso para lavar roupa suja. A turma da “Construindo Um Novo Brasil”, a corrente majoritária, à qual Lula pertence, pensa que tudo se resolve com a eleição direta para a nova direção e pronto — sem espaço para autocrítica.
Uma coisa, no entanto, une a todos: a convicção de que existe uma grande conspiração para banir o partido da política e de que isso que se tem aí é fruto de uma articulação conservadora. A história da esquerda, mundo afora, é pontuada de momentos de autocrítica. O PT está numa enrascada porque mesmo aqueles que querem “renovar tudo” acreditam apenas na renovação de pessoas, não de práticas.
E isso não tem salvação.
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