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Primeiro-ministro francês afirma que resultado das eleições europeias é um ‘terremoto’

Mesmo com crescimento significativo dos partidos de extrema direita, Parlamento europeu segue sendo comandado por coligações que defendem a manutenção do bloco

Marine Le Pen presidente do partido de ultradireita francês Frente Nacional
Marine Le Pen presidente do partido de ultradireita francês Frente Nacional (Reuters)
“É mais do que um aviso, é um choque, um terremoto”, disse o primeiro-ministro francês Manuel Valls sobre o avanço da extrema direita nas eleições parlamentares europeias. Nacionalistas eurocéticos obtiveram vitórias impressionantes na França e na Grã-Bretanha no domingo. Com isso, a bancada que é contra a União Europeia (UE) mais do que duplicou seus assentos no Parlamento Europeu. Segundo analistas, os partidos de extrema direita foram ajudados por votos de protesto em todo o continente, com a população descontente com a austeridade e o alto desemprego.
Os primeiros resultados oficiais preliminares nas 28 nações do bloco mostram que partidos pró-europeus de centro-esquerda e centro-direita mantiveram controle de cerca de 70% dos 751 assentos no Parlamento, mas o número de membros eurocéticos irá mais que dobrar. Segundo a contabilidade da rede britânica BBC, até o momento já foram efetivamente eleitos 740 eurodeputados. Destes, 97 são de partidos e coligações de extrema direita, contrários à UE, ao euro e aos imigrantes. O avanço dos eurocéticos só não foi maior porque na Alemanha os partidos de centro-esquerda ganharam a eleição. O país é o maior Estado-membro da UE, que tem direito a eleger o maior número de assentos. Na Itália, outro colégio eleitoral importante, os partidos de centro, pró-europeu, também foram bem votados.

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"Eles [os eurodeputados de extrema direita] não têm votos suficientes para barrar as legislações propostas ou emplacarem uma lei de sua autoria”, disse à CNN Simon Usherwood, especialista em política europeia da Universidade de Surrey. “Mas eles claramente terão mais espaço em debates e podem conseguir a presidência de algumas comissões, o que significa que a extrema direita terá uma plataforma mais forte para defender suas ideias e para conquistar mais eleitores”, completou o especialista. De uma maneira geral, os partidos de extrema direita defendem controles de fronteiras mais rígidos, tomada de decisões nacionais sem o consentimento de Bruxelas e a dissolução da união monetária e alfandegária. Mas, como esses partidos são todos nacionalistas e muito voltados à atuação dentro de suas fronteiras, eles têm poucos projetos em comum além de nutrir uma antipatia pela burocracia de Bruxelas. "É difícil para eles encontrarem um discurso único", disse Usherwood. “Eles podem concordar que não gostam da UE”, afirmou o especialista, "mas eles não conseguem dizer qual seria a resposta ao bloco".
A estreita vitória do Partido Popular Europeu (PPE), democrata-cristão, com 212 cadeiras até agora, obrigará o partido a negociar com outras formações políticas para que seu candidato, o ex-primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker, possa presidir a próxima Comissão Europeia, o braço executivo da UE. Os líderes europeus, que se reunirão nesta terça-feira para analisar os resultados das eleições, precisarão propor ao Parlamento Europeu o nome do próximo presidente da Comissão Europeia, considerando o resultado nas urnas, mas será a Eurocâmara que o apoiará ou rejeitará pela maioria dos 751 cadeiras. O presidente em fim de mandato da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, pediu ontem à noite que os dois grandes partidos, o PPE e os sociais-democratas, sigam liderando a representação na Eurocâmara.
Na França, a Frente Nacional (FN), comandada por Marine Le Pen, conseguiu uma vitória histórica, obtendo 25,65% dos votos, à frente do partido conservador UMP (20,6%) e relegando o Partido Socialista, atualmente no governo, para a terceira posição, com apenas 13,9%. Essa é a primeira vez que a FN lidera uma eleição em nível nacional e, principalmente, que supera 20% dos votos. Com o resultado a FN poderá enviar entre 23 e 25 deputados para o Parlamento Europeu. "É um resultado histórico. Somos agora o primeiro partido da França", comemorou o vice-presidente da FN, Florian Philippot. “As pessoas falaram e elas não querem mais ser lideradas por aqueles de fora das nossas fronteiras, por comissários da UE e tecnocratas que não são eleitos. Eles querem ser protegidos da globalização e retomar as rédeas de seus destinos", disse Marine Le Pen.
De imediato, o FN pediu a dissolução da Assembleia Nacional francesa, deixando clara a confusão entre as questões nacionais e europeias dessa eleição marcada, tradicionalmente, por uma alta abstenção e por um perfil mais específico de eleitor – aquele que pretende dar um voto "punitivo" ao governo nacional. Seguindo os passos da FN, o partido britânico de ultradireita, antieuropeu e anti-imigração de Nigel Farage, o Partido para a Independência do Reino Unido (Ukip, na sigla em inglês), também comemorou vitória nas eleições europeias. Segundo resultados, o Ukip obteve o apoio de 27,5% dos votos, o que representa 23 cadeiras na Eurocâmara.
Cerca de 400 milhões de europeus estavam aptos a votar nas eleições parlamentares. O comparecimento às urnas foi de pouco mais de 43%, um pouco maior do que na última votação, em 2009, disse o porta-voz do Parlamento, Jaume Duch. "A mensagem clara aqui é que as pessoas estão descontentes com a forma como os partidos políticos tradicionais têm tratado a crise econômica. Os eleitores estão dando um bom chute nos partidos", disse Petros Fassoulas, presidente do Movimento pró-Europa, uma entidade que civil que defende a manutenção do bloco.

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