BC interrompe escalada dos juros e mantém Selic em 11% ao ano
Após 9 altas, autoridade monetária põe fim ao aperto monetário iniciado em abril de 2013
SÃO PAULO – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve nesta quarta-feira, 28, a taxa básica de juros (Selic) da economia brasileira em 11% ao ano. A decisão, unânime, interrompe a série de altas iniciada em abril de 2013. À época, a Selic estava parada nos 7,25% desde outubro de 2012.
A decisão está de acordo com a expectativa geral do mercado. A pesquisa Focus, divulgada na segunda-feira, mostra que a maior parte das cerca de cem instituições financeiras e consultorias consultadas pelo Banco Central apostava na manutenção da Selic em 11% ao ano.
“A economia desacelerou, o mercado de trabalho está mais fraco, a inflação na margem desacelerou, a taxa cambial está menos volátil”, avalia Antonio Madeira, economista da LCA Consultores. “O quadro permite a manutenção dos juros básicos”.
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, no entanto, o Banco Central perdeu mais uma chance de aumentar a credibilidade da instituição. Ele acreditava que o Copom decidiria por mais um aumento de 0,25 ponto, como forma de ancorar as expectativas para a inflação futura.
Em comunicado, o Banco Central diz ter avaliado “a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação” para manter os juros inalterados.
A Selic serve de base para precificar empréstimos, é uma espécie de preço do dinheiro no Brasil. E quanto mais alta ela estiver, mais difícil será o acesso ao crédito. O alto custo dos financiamentos, portanto, tende a diminuir o consumo. E essa desaceleração da demanda, por sua vez, diminui a pressão inflacionária. A decisão tomada nesta quarta, nessas condições, sugere que a inflação já não assusta mais como há meses.
Maior juro real do mundo. A manutenção da Selic em 11% ao ano faz com que o Brasil permaneça no primeiro lugar no ranking mundial de juros reais (descontada a inflação).
De acordo com a MoneYou, o País é o melhor pagador de juros reais da economia global, com taxa de 4,25% ao ano. São consideradas no levantamento as taxas de juros nominais determinadas pelos bancos centrais em 40 países e as projeções médias de inflação futura das respectivas autoridades monetárias.
As demais colocações do ranking global de pagadores de juros reais são preenchidas pelos outros emergentes dos Bric em sua formação original, sem a África do Sul. Em segundo lugar, está a China (3,41%); em terceiro, a Índia (2,66%); e, em quarto, a Rússia (1,70%).
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