Pular para o conteúdo principal

Nem revisão histórica deve empurrar PIB do 1º trimestre

Projeções apontam para expansão entre 0,1% e 0,4% na comparação com o quarto trimestre de 2013, mesmo com nova metodologia de cálculo da produção industrial, que trará novos dados do ano passado. IBGE divulga PIB nesta sexta

PIB já vai incorporar dados revisados da produção industrial
PIB já vai incorporar dados revisados da produção industrial (Divulgação)
Os economistas bem que tentaram estimar qual foi o ritmo de crescimento da economia brasileira no início de 2014, mas a incorporação da nova metodologia da produção industrial ainda deixa dúvidas se as planilhas conseguiram chegar a um número próximo do real. Mesmo com as projeções variando de economista para economista, há um consenso: o ritmo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) foi fraco no primeiro trimestre, algo entre 0,1% e 0,4%. O recado que essa estimativa enxuta passa é claro: o país cresce menos e a tendência é que este seja mais um ano de expansão tímida. No quarto trimestre do ano passado, dado que poderá ser revisado, o crescimento foi de 0,7% em relação ao terceiro trimestre de 2013. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o PIB às 9 horas desta sexta-feira.
O mercado acredita que as mudanças nos cálculos do setor manufatureiro devem melhorar os indicadores da economia. Mesmo assim, a comemoração deve ser contida. “Há riscos de um desaquecimento ainda maior no decorrer do ano, como sugerem indicadores de confiança, que estão em níveis historicamente baixos, além dos desfavoráveis dados sobre produção industrial e vendas no varejo”, escreveu o analista Rodrigo Miyamoto, em relatório do Itaú Unibanco.
Em maio, todos os indicadores de confiança caíram, segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV): a confiança do comércio recuou 4,4%; a da indústria baixou 5,1%; a de serviços, 5,7%; e, por fim, a do consumidor brasileiro diminuiu 3,3%. Já o volume de vendas do varejo caiu 0,5% em março na comparação com fevereiro, mas cresceu 4,5% no primeiro trimestre – ritmo considerado moderado pelos economistas. A produção industrial, por sua vez, caiu 0,5% em março em relação a fevereiro, mas acumulou alta de 0,4% no primeiro trimestre – também um nível ainda baixo de expansão.
Além de destacar o baixo crescimento no primeiro trimestre, Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco, está pouco otimista com o desempenho do ano. "Há sinais de perda de ritmo da atividade econômica nesses dois últimos meses, que deverá resultar em um arrefecimento do PIB neste segundo trimestre".
Leia também:
Revisão da atividade industrial deve elevar o PIB de 2013​
Ao falar sobre economia, Dilma diz que não se abala com julgamentos apressados

O PIB é analisado pelos economistas sob duas óticas: a da oferta, representada pelo setor produtivo (agropecuária, indústria e serviços) e a da demanda, representada por investimentos, consumo das famílias, gastos do governo e balança comercial (exportações menos importações).
Pelo lado da oferta, as perspectivas para a indústria não são boas. Os analistas do Bank of America Merrill Lynch, David Becker e Ana Madeira, explicam em relatório que a produção de automóveis foi uma das que mais pesou negativamente, puxando psra baixo também as exportações. Segundo eles, o consumo de bens duráveis caiu com a confiança menor na economia. Eles acreditam em expansão de 0,2% para a produção industrial no período, um tom até otimista dado que outros analistas projetaram resultado negativo para o setor.
O setor de serviços deve vir positivo, mas em ritmo moderado, entre 0,4% e 0,6%. Segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, o setor cresceu 8,7% de janeiro a março em relação ao mesmo período do ano anterior.
Assim, caberá à agropecuária liderar a expansão econômica no primeiro trimestre. Os analistas do Itaú calculam expansão de 4,2% para o setor no período. Os analistas do Bank of America destacam a expectativa de safra recorde, especialmente de soja, e do aumento do crédito rural.
Do lado da demanda, a expectativa para a Copa do Mundo ainda não deve estar refletido no consumo das famílias no primeiro trimestre e os gastos privados devem crescer pouco, embora seja o suficiente para representarem a maior alta do PIB. O Bank of America aposta em alta de 1,4%. Mas há estimativas menores do que essa.
A balança comercial, por sua vez, também não deve ajudar: no primeiro trimestre registrou déficit de 6,072 bilhões de dólares, o pior primeiro trimestre da história. O consumo do governo deve crescer moderadamente, principalmente pela necessidade de apertar os cintos dos gastos para não prejudicar o superávit primário prometido para este ano. Para os investimentos, ainda não há consenso no mercado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular