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Presidente eleito vai prosseguir com ação militar no leste

O magnata Petro Poroshenko confirmou o favoritismo e será o próximo chefe de Estado ucraniano. Ele confirmou que se reunirá com Putin em junho

Petro Poroshenko, empresário ucraniano e candidato à presidência chega para votar em Kiev
Petro Poroshenko, empresário, é novo presidente da Ucrânia (EFE)
O magnata Petro Poroshenko, conhecido como ‘Rei do Chocolate’, vencedor das eleições presidenciais ucranianas, disse nesta segunda-feira que quer continuar com a ofensiva militar contra as fortificações pró-russas do leste do país. “Apoio a continuação da operação militar, mas quero que haja mudanças em sua forma”, assinalou Poroshenko, acrescentando que a ação “deve ser mais efetiva, mais rápida, e com as unidades mais bem equipadas”. Ainda não há uma data definida para a posse do novo presidente, mas a cerimônia deve acontecer o "mais breve possível", segundo as autoridades eleitorais da Ucrânia, país que está sendo governado interinamente por Olexander Turchinov.
Poroshenko também afirmou que espera se reunir com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, na primeira metade de junho. “Putin e eu nos conhecemos muito bem”', disse em entrevista, destacando que a reunião com os dirigentes russos não deve se limitar a um “aperto de mãos”. Ele afirmou que pretende ter um diálogo com os russos para a construção de ações e políticas concretas. O vencedor da eleição presidencial ucraniana, no entanto, não disse quais seriam as propostas que pretende apresentar aos russos.

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O candidato pró-Ocidente conseguiu se transformar em um dos homens mais ricos do país, fazendo fortuna no ramo do chocolate. Único oligarca a ter apoiado a mobilização pró-Europa, esse especialista em relações econômicas internacionais foi ministro da Economia do então presidente Viktor Yanukovich, além de ministro das Relações Exteriores e presidente do Banco Central sob o governo de Viktor Yushenko, também pró-Ocidente. Poroshenko se tornou um dos apoiadores dos protestos da praça da Independência, em Kiev, que levaram à queda de Yanukovich, em fevereiro. O empresário podia ser visto na praça, distribuindo chocolates, ou denunciando a corrupção no país.
"A época em que os políticos mentiam para o povo já passou", proclamou, ao anunciar que concorreria às eleições. Sua candidatura ganhou reforço com a adesão do congressista e ex-boxeador Vitali Klitschko, um dos principais nomes da oposição ucraniana, eleito no domingo prefeito de Kiev. Poroshenko também é o único político que já viajou para a Crimeia para tentar negociar com as tropas pró-Rússia que cercaram o Parlamento local depois da queda de Yanukovich. Ele prometeu "recuperar" a península que aprovou sua anexação a Moscou por meio de um referendo considerado ilegal pela Ucrânia e pela comunidade internacional.
Com sua experiência governamental e seu conhecimento do mundo dos negócios, muitos veem nele um homem capacitado para reativar uma economia enfraquecida e unir um país rachado. Segundo o cientista político Volodymyr Fesenko, Poroshenko conseguiu forjar uma imagem muito mais consensual do que a da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko. "Uma grande parte da população quer à frente do Estado um administrador de crise experiente. Poroshenko tem a experiência de vários cargos no governo e é considerado um empresário bem-sucedido", explica Fesenko. (Continue lendo o texto)


Sua popularidade será rapidamente desafiada, porém, diante da crise que dividiu o país em dois e o deixou à beira da guerra civil. "Em dois meses, a situação na Ucrânia pode mudar e sua popularidade também", afirmou Andreas Umland, da Universidade de Kiev Mohyla. Ao contrário da maioria dos oligarcas influentes na Ucrânia, que enriqueceram rapidamente nos anos caóticos que se seguiram ao desmantelamento da então União Soviética em 1991, Poroshenko é um "self-made man", que deve sua fortuna apenas a si mesmo.
Oriundo de Bolhrad, no sul do país, ele começou vendendo grãos de cacau e, depois, comprou várias fábricas de doces. Ele fundiu as unidades, transformando-as em uma empresa chamada Roshen, produtora de 450.000 toneladas anuais de bens alimentícios. Ele também possui uma empresa que fabrica automóveis e ônibus, um estaleiro e um canal de televisão, o Kanal 5, um dos veículos mais críticos durante os protestos contra Yanukovich. A fortuna de Poroshenko, estimada em 1,3 bilhão de dólares (mais de 2,8 bilhões de reais) pela revista Forbes, foi afetada pela crise com a Rússia, que proibiu as importações dos chocolates da Roshen, em meio à negociação entre Ucrânia e União Europeia (UE).
Diplomado em Economia, entrou na política em 1998 e fez parte dos fundadores, em 2000, do Partido das Regiões. Dois anos depois, ele integrou a equipe do presidente Viktor Yuschenko, herói da "Revolução Laranja" de 2004. Em 2012, em outra reviravolta, foi nomeado ministro da Economia por Yanukovich. Nesse mesmo ano, foi eleito deputado como candidato independente e pensava em lançar sua candidatura à prefeitura de Kiev. Mas a atual crise o catapultou como um nome forte na oposição e favorito à presidência ucraniana, posto que obteve neste domingo, aos 48 anos.

(Com agência EFE e France-Presse)

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