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Maduro agora acusa opositora de planejar matá-lo

O mais recente plano de conspiração apontado pelos chavistas envolve, de novo, a atuação de opositores em conluio com o governo dos Estados Unidos

A deputada venezuelana Maria Corina Machado participa de audiência pública para debater a crise política na Venezuela, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado
A deputada venezuelana Maria Corina Machado participa de audiência pública para debater a crise política na Venezuela, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado 
A deputada María Corina Machado, que teve o mandato cassado depois de denunciar a repressão do governo venezuelano a manifestantes, continua sendo alvo da fúria chavista. A mais recente investida foi a acusação de ser a mentora de um plano para matar o presidente Nicolás Maduro e dar um golpe de Estado. A teoria da conspiração, mais uma vez, envolve o tradicional inimigo externo, os Estados Unidos.
O prefeito do município Libertador, na Grande Caracas, Jorge Rodríguez, e o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello anunciaram ontem em uma entrevista o ‘plano de magnicídio’ (assassinato de pessoa ilustre) envolvendo María Corina e o diplomata americano Kevin Whitaker, atual embaixador dos EUA na Colômbia, além de outros políticos opositores venezuelanos. Segundo a dupla chavista, o governo teria interceptado uma série de e-mails da deputada. "Eles queriam assassinar o presidente Maduro, criar um derramamento de sangue, violência e, eventualmente, instalar uma interferência estrangeira", acusou Rodríguez. Os dirigentes bolivarianos também acusaram María Corina de viajar aos EUA e ao Panamá para tramar o assassinato de Maduro e o golpe de Estado que viria depois, informou o jornal espanhol El País.

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Os e-mails de María Corina para Whitaker, é claro, não foram mostrados na íntegra, mas os chavistas afirmaram que a deputada destituída escreveu: “Temos que limpar essa bagunça, começando pela cabeça, aproveitando o clima global com a Ucrânia e agora com a Tailândia.  Eu acho que chegou a hora acumular esforços, fazer contatos e obter o financiamento necessário para aniquilar Maduro e o resto vai cair sozinho”. Se não bastasse a inexistência de provas materiais, o “aniquilar Maduro” poderia ainda ser interpretado como combater politicamente o presidente, algo legítimo dentro do jogo democrático.
A deputada disse que uma das contas do serviço Gmail citadas pelos chavistas é, de fato, sua. Porém, as mensagens são forjadas. “Todos os e-mails são falsos, cada uma das palavras é falsa, inventada”, rebateu a deputada. Segundo Maria Corina, os chavistas hackearam contas de e-mails e forjaram mensagens. “Estas alegadas provas contra mim são incriminatórias para eles: invasão de privacidade, produção de provas falsas e incitação ao ódio”, acrescentou. (Continue lendo o texto)


Não é a primeira vez que o governo venezuelano invade a privacidade de opositores. Em programas dos canais estatais, já foram veiculadas gravações de conversas de opositores feitas ilegalmente pelos serviços de inteligência chavista. A própria María Corina já foi gravada ao telefone falando com sua mãe e em outra oportunidade, conversando com um amigo historiador.
"Eu não quero fazer mal a ninguém, senhor Maduro, só quero a sua demissão", disse Maria Corina, que suspendeu uma viagem ao Panamá agendada para hoje, para ir pessoalmente ao o Ministério Público para denunciar a mais recente armação do governo. "Essas pessoas se sentem intocáveis. Mas a Justiça virá e é por isso que estamos lutando".
A nova teoria de conspiração aparece três dias após as eleições municipais de San Cristóbal e San Diego, onde a oposição ao governo triunfou com 73,6% e 87,4 % dos votos, respectivamente. “Onde estão as provas de todos os golpes anteriores que Maduro tem denunciado? O país caminha para um abismo econômico e Maduro está inventando conspirações. Um absurdo", disse o governador do Estado de Miranda e líder opositor, Henrique Capriles.
A Venezuela vive desde fevereiro uma onda de protestos contra o governo que já resultaram em mais de quarenta mortes, deixando ainda cerca de 800 feridos e centenas de detidos. Os manifestantes protestam contra a alta violência, a inflação, o desabastecimento de produtos básicos e por liberdade de expressão.

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