Célula-tronco de cordão umbilical reduz neurodegeneração em roedor
Grupo de cientistas, que inclui brasileira, utilizou técnica para tratar esclerose lateral amiotrófica em camundongos; animais tratados viveram, em média, 5 semanas a mais que os demais
Uma terapia que utiliza células-tronco adultas de cordão umbilical humano
conseguiu estender a vida de camundongos com esclerose lateral amiotrófica
(ELA). O estudo, divulgado na revista científica PLoS One, contou com
uma coautora brasileira, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP). Os
pesquisadores já têm planos de testar o tratamento em humanos.
Os cientistas utilizaram camundongos transgênicos. Os animais carregavam um gene humano defeituoso que causa a ELA. Na realidade, o gene provoca apenas 5% dos casos da doença em humanos. Ainda não há explicação para os demais.
Com 13 semanas, o camundongo transgênico começa a ficar paralítico. O quadro evolui de forma inexorável até a 17.ª semana, quando o roedor morre.
Os pesquisadores utilizaram cerca de 120 animais na experiência, divididos em quatro grupos. O primeiro recebeu apenas injeções de soro fisiológico. Os demais receberam células-tronco adultas retiradas de cordão umbilical humano. Para evitar rejeição, os cientistas administraram também um imunossupressor.
Dois grupos foram tratados depois do aparecimento da doença, na 13.ª semana - um deles com uma dose baixa de células e outro com uma dose alta. O último grupo foi tratado na 9.ª semana - portanto, antes do aparecimento da ELA -, com uma solução de poucas células.
Resultados. Os animais foram submetidos a testes de coordenação motora e força. Os cientistas perceberam que a qualidade e o tempo de vida dos camundongos que receberam as células aumentou significativamente, de modo especial nos grupos tratados antes do aparecimento da doença ou com uma grande quantidade de células. Alguns chegaram a 22 semanas de vida.
"É um ganho grande em camundongos, embora eles não tenham sido curados", afirma Maria Carolina de Oliveira Rodrigues, médica transplantadora do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP).
Ela participou do estudo durante seu pós-doutorado na Flórida, em 2010 e 2011. "Conseguimos estender a vida dos roedores e deixá-los neurologicamente ativos por mais tempo." Ela voltou ao Brasil há seis meses.
"O tratamento antes dos primeiros sintomas ainda não interessa para humanos", pondera Maria Carolina. "Não temos marcadores para prever a doença antes de ela aparecer nas pessoas."
Os pesquisadores dissecaram os animais e perceberam que o tecido nervoso dos camundongos tratados estava menos inflamado. Havia também um número maior de neurônios intactos.
Porquês. Os cientistas ainda formulam hipóteses para explicar a ação terapêutica das células-tronco adultas de cordão umbilical. "Não acreditamos que elas se transformem em neurônios", afirma Maria Carolina. "Devem ajudar as células nervosas que estão inflamadas e, depois, desaparecem."
De fato, ao dissecar os camundongos, os cientistas encontraram poucas células humanas no tecido nervoso. Algumas estavam concentradas no baço.
A pesquisadora enumera quatro hipóteses principais para explicar a ação das células-tronco adultas. A primeira é a ação anti-inflamatória que a terapia pode exercer ao modular a reação do sistema imunológico.
As células injetadas também podem secretar fatores que promovem o crescimento de vasos sanguíneos. Substâncias neurotróficas - ou seja, que protegem os neurônios - devem ser produzidas pelas mesmas células.
Por fim, também há a hipótese de que elas promovem reparos na barreira hematoencefálica, que protege o cérebro.
Claudia Maria de Castro Batista, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ficou gratamente surpresa com os resultados do trabalho. Claudia pesquisa terapias celulares para outra neurológica grave - a doença de Huntington.
"Houve uma grande frustração com as células-tronco de cordão umbilical quando a maior parte dos grupos se convenceu de que elas não se transformariam em neurônios", recorda a cientista. "Este trabalho, no entanto, mostra que elas podem trazer benefícios terapêuticos de outras formas, sem se transformar em neurônios."
Alguns pais armazenam o sangue do cordão umbilical dos seus filhos na esperança de que ele possa ser útil no futuro tratamento de doenças. Maria Carolina considera que a chance de utilizar as células ainda é remota. "Por enquanto, servem em alguns casos de leucemia", afirma. "Talvez, com novas pesquisas, possam ser úteis para tratar mais doenças."
Os cientistas utilizaram camundongos transgênicos. Os animais carregavam um gene humano defeituoso que causa a ELA. Na realidade, o gene provoca apenas 5% dos casos da doença em humanos. Ainda não há explicação para os demais.
Com 13 semanas, o camundongo transgênico começa a ficar paralítico. O quadro evolui de forma inexorável até a 17.ª semana, quando o roedor morre.
Os pesquisadores utilizaram cerca de 120 animais na experiência, divididos em quatro grupos. O primeiro recebeu apenas injeções de soro fisiológico. Os demais receberam células-tronco adultas retiradas de cordão umbilical humano. Para evitar rejeição, os cientistas administraram também um imunossupressor.
Dois grupos foram tratados depois do aparecimento da doença, na 13.ª semana - um deles com uma dose baixa de células e outro com uma dose alta. O último grupo foi tratado na 9.ª semana - portanto, antes do aparecimento da ELA -, com uma solução de poucas células.
Resultados. Os animais foram submetidos a testes de coordenação motora e força. Os cientistas perceberam que a qualidade e o tempo de vida dos camundongos que receberam as células aumentou significativamente, de modo especial nos grupos tratados antes do aparecimento da doença ou com uma grande quantidade de células. Alguns chegaram a 22 semanas de vida.
"É um ganho grande em camundongos, embora eles não tenham sido curados", afirma Maria Carolina de Oliveira Rodrigues, médica transplantadora do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP).
Ela participou do estudo durante seu pós-doutorado na Flórida, em 2010 e 2011. "Conseguimos estender a vida dos roedores e deixá-los neurologicamente ativos por mais tempo." Ela voltou ao Brasil há seis meses.
"O tratamento antes dos primeiros sintomas ainda não interessa para humanos", pondera Maria Carolina. "Não temos marcadores para prever a doença antes de ela aparecer nas pessoas."
Os pesquisadores dissecaram os animais e perceberam que o tecido nervoso dos camundongos tratados estava menos inflamado. Havia também um número maior de neurônios intactos.
Porquês. Os cientistas ainda formulam hipóteses para explicar a ação terapêutica das células-tronco adultas de cordão umbilical. "Não acreditamos que elas se transformem em neurônios", afirma Maria Carolina. "Devem ajudar as células nervosas que estão inflamadas e, depois, desaparecem."
De fato, ao dissecar os camundongos, os cientistas encontraram poucas células humanas no tecido nervoso. Algumas estavam concentradas no baço.
A pesquisadora enumera quatro hipóteses principais para explicar a ação das células-tronco adultas. A primeira é a ação anti-inflamatória que a terapia pode exercer ao modular a reação do sistema imunológico.
As células injetadas também podem secretar fatores que promovem o crescimento de vasos sanguíneos. Substâncias neurotróficas - ou seja, que protegem os neurônios - devem ser produzidas pelas mesmas células.
Por fim, também há a hipótese de que elas promovem reparos na barreira hematoencefálica, que protege o cérebro.
Claudia Maria de Castro Batista, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ficou gratamente surpresa com os resultados do trabalho. Claudia pesquisa terapias celulares para outra neurológica grave - a doença de Huntington.
"Houve uma grande frustração com as células-tronco de cordão umbilical quando a maior parte dos grupos se convenceu de que elas não se transformariam em neurônios", recorda a cientista. "Este trabalho, no entanto, mostra que elas podem trazer benefícios terapêuticos de outras formas, sem se transformar em neurônios."
Alguns pais armazenam o sangue do cordão umbilical dos seus filhos na esperança de que ele possa ser útil no futuro tratamento de doenças. Maria Carolina considera que a chance de utilizar as células ainda é remota. "Por enquanto, servem em alguns casos de leucemia", afirma. "Talvez, com novas pesquisas, possam ser úteis para tratar mais doenças."
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