Pular para o conteúdo principal

Delcídio relatou conversa com Dilma sobre liberação de Odebrecht, diz delator

Assessor do senador confirmou à PGR ofensiva do governo para tentar interferir na Operação Lava Jato

Delcídio do Amaral
Delcídio do Amaral(Folhapress)
Em delação premiada, o ex-chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), Diogo Ferreira, confirmou a ofensiva do governo para tentar interferir na Operação Lava Jato por meio da nomeação do desembargador Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ferreira disse que o parlamentar relatou a ele conversas com a presidente Dilma Rousseff nas quais a petista pediu "compromisso de alinhamento" de Navarro com o governo e citou o caso do presidente da Odebrecht preso preventivamente pelo juiz Sergio Moro, Marcelo Odebrecht.
O delator afirmou que, depois de uma reunião entre o parlamentar e o desembargador - que ocorreu após encontro de Delcídio com Dilma -, Marcelo Navarro despediu-se do senador dizendo: "Não se preocupe, está tudo entendido". A delação de Diogo Ferreira, colhida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no dia 30 de março, foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele entregou aos investigadores trocas de mensagens no WhatsApp nas quais mantinha contato com Marcelo Navarro, a pedido de Delcídio.
"Que a partir daí o Senador Delcídio do Amaral e o Ministro José Eduardo Cardozo passaram a ter contato muito mais frequente; que, em determinado fim de semana, não distante no tempo da reunião que anteriormente narrada, o depoente se encontrou com o Senador Delcídio do Amaral no hotel Golden Tulip, onde este residia, e contou ao depoente haver tido, no mesmo fim de semana, encontro particular com a Presidente Dilma Rousseff, a qual lhe pedira, na ocasião, que obtivesse de Marcelo Navarro o compromisso de alinhamento com o governo para libertar determinados réus importantes da Operação Lava Jato; que, segundo o Senador Delcídio Amaral, a Presidente Dilma Rousseff falou expressamente em Marcelo Odebrecht", consta do termo de depoimento do ex-chefe de gabinete.
A procuradores da República, o ex-assessor de Delcídio contou que o senador teve uma reunião com o atual advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, então ministro da Justiça, próximo ao mês de julho do ano passado. Depois do encontro, Delcídio teria dito que ele e Cardozo precisavam "atentar" para a importância da nomeação ao STJ, que envolvia a relatoria dos habeas-corpus da Lava Jato.
Por duas vezes, Delcídio disse a Diogo Ferreira que, segundo Cardozo, o desembargador era um nome ligado ao presidente do STJ, ministro Francisco Falcão, que estaria alinhado com o governo federal.
Apesar de não participar das reuniões com autoridades, o ex-assessor confirmou que, na época da nomeação de Navarro, foi chamado por Delcídio ao interior do gabinete de Cardozo. O senador pediu, na frente do então ministro da Justiça, os números dos habeas-corpus no STJ em favor os ex-dirigentes da Petrobras Nestor Cerveró e Renato Duque. "O senador esclareceu ao depoente, posteriormente, que havia a intenção de obter de Marcelo Navarro prestação jurisdicional favorável aos pacientes nesses habeas corpus", disse Ferreira na delação.
Com base na delação de Delcídio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, avalia a possibilidade de pedir a abertura de uma investigação pelo que classifica como "trama espúria" envolvendo a indicação de Navarro. A presidente Dilma Rousseff pode ser um dos alvos desse possível inquérito. A partir da homologação, a delação de Diogo Ferreira pode servir para reforçar eventuais pedidos de investigação.
O ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas afirma nunca ter tratado de questões ligadas à Lava Jato com Delcídio. Quando a divulgação da delação do senador foi realizada, Cardozo negou qualquer interferência dele e da presidente Dilma nas investigações da Lava Jato.
(Com Estadão Conteúdo)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.