Pular para o conteúdo principal

Às vésperas da votação do impeachment, Dilma sofre dura derrota no STF

Por 8 votos a 2, ministros rejeitaram pedido do governo para anular o processo que corre na Câmara. Corte também manteve ordem de votação definida por Eduardo Cunha

Ministros durante sessão no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) -14/04/2016
MAIS UMA DERROTA – STF rejeita ação do governo contra processo de impeachment(SCO/STF/)
Pelo placar acachapante de oito votos a dois, a presidente Dilma Rousseff perdeu provavelmente a última batalha judicial antes da votação do impeachment no plenário da Câmara dos Deputados, no domingo, e não conseguiu anular o processo que caminha para tirá-la do poder. Em uma dura derrota para o advogado-geral da União José Eduardo Cardozo, petista em que Dilma apostava suas últimas fichas, os ministros da mais alta corte do país entenderam que não cabe fazer um "controle judicial" do teor do parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que na comissão especial do impeachment afirmou haver indícios de que a presidente cometeu crime de responsabilidade ao assinar seis decretos de crédito adicional e praticar as controversas pedaladas fiscais, em 2015, envolvendo operações de crédito rural.
Embora o pedido do governo não tenha sido aceito pelo plenário do STF, os ministros acabaram circunscrevendo os limites do que pode ser votado no domingo. Para o Supremo, independentemente de as discussões na comissão do impeachment terem contemplado temas espinhosos para o governo, como denúncias de corrupção, a Operação Lava Jato e o acordo de delação premiada do ex-senador petista Delcídio do Amaral, a denúncia a ser apreciada pelo plenário da Câmara deve levar em conta apenas os decretos e as pedaladas. Em um clima de completa insolvência da base governista no Congresso, porém, o efeito prático da decisão judicial para a presidente Dilma Rousseff é nulo. Como o impeachment é um julgamento político-jurídico, o fator político de verdadeira aversão ao segundo mandato de Dilma será crucial para confirmar a tendência de dar seguimento ao processo que tende a abreviar o mandato da sucessora do ex-presidente Lula.
"A denúncia como formalmente formulada é a que deve ser apreciada pelo plenário", disse o relator do caso, ministro Edson Fachin. Em seu voto, ele rejeitou a tese de nulidade do parecer do deputado Jovair Arantes na comissão especial do impeachment e disse que a autorização da comissão especial do impeachment é para a continuidade da denúncia original. Segundo ele, adendos ou temas diversos das pedaladas ou dos decretos são seriam permitidos na votação formal da continuidade do pedido de impedimento.
No processo julgado na madrugada desta sexta-feira, a advocacia-geral da União alegava que o direito de defesa da presidente Dilma Rousseff havia sido violado no processo de impeachment porque a comissão especial do impeachment trouxera à tona "diversos argumentos de índole política" e teria extrapolado a denúncia propriamente dita, com a citação, por exemplo, de depoimentos de delação premiada do ex-líder do governo Delcídio do Amaral. "Quando chega na parte conclusiva, o parecer [de Jovair Arantes] se restringe ao que foi objeto do recebimento da denúncia", rebateu o ministro Roberto Barroso no julgamento. "O que está a mais o relator tem o direito de expor, mas não será objeto da votação", disse.
Em sua manifestação, Barroso destacou que, ao definir o rito para o processo de impeachment em dezembro do ano passado, o STF já entendeu que à Câmara cabe apenas um juízo de autorização do processo de impeachment e, por isso, alegações de mérito devem ser feitas quando e se o processo chegar ao Senado. "Não vi no mandado uma alegação e demonstração de um prejuízo efetivo por eventuais inconsistências", disse o ministro Teori Zavascki ao também negar o pedido do governo.
Às vésperas de o processo de impeachment da presidente Dilma ser levado a julgamento na Câmara, o STF convocou uma sessão extraordinária nesta quinta-feira após a Advocacia-Geral da União ter recorrido à corte com um mandado de segurança pedindo a anulação do processo de impedimento. A ação foi apresentada ao mesmo tempo em que, nos bastidores, governistas admitem a real possibilidade de a Câmara aprovar a ação por crime de responsabilidade contra Dilma na votação de domingo.
A ação da AGU atacou o processo de impeachment em diversas frentes: pedia a anulação do parecer elaborado pelo deputado Jovair Arantes que orientou pela destituição da presidente pelo cometimento de crime de responsabilidade fiscal. O relatório foi aprovado na Comissão Especial na última segunda-feira por 38 votos a 27. A Advocacia-Geral da União ainda solicitou a elaboração de um novo parecer e, consequentemente, a realização de uma nova eleição no colegiado; que fosse decretada a nulidade da oitiva dos juristas Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal, realizada no dia 30 de março; e, considerando a possibilidade de a sessão ser validada, que fosse reaberto o prazo de dez sessões para a apresentação da defesa de Dilma Rousseff.
Já prevendo uma derrota na corte, o advogado-geral José Eduardo Cardozo já sinalizou que deve voltar a recorrer ao Supremo para discutir efetivamente a suposta falta de justa causa para se afastar a presidente.
Ordem de votação - Na sessão extraordinária do Supremo, também entraram na pauta outras ações que questionavam a ordem de votação entre os deputados no próximo domingo. Ao final, diante de um empate, o STF decidiu não alterar a regra definida pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha para a coleta de votos. Com isso, serão tomados votos começando por deputados da região Norte para o Sul e contabilizados primeiramente a bancada estadual, e não um voto do Norte e um voto do Sul, alternadamente.
Eduardo Cunha trabalhava para impor uma regra diferente durante a votação do impeachment, começando pelos Estados da Região Sul, seguidos pelos do Sudeste, Centro-Oeste e deixando para o final Nordeste e Norte, regiões com representantes mais favoráveis à petista. A ideia era criar uma "onda" de votos pelo impeachment, aumentando a pressão sobre os aliados de Dilma ao fim da votação. No entanto, já prevendo a judicialização do caso, o peemedebista alterou nesta quinta-feira a ordem da votação, de modo a intercalá-la entre as regiões Norte e Sul. O peemedebista ainda determinou que dentro de cada Estado, todos seriam convocados por ordem alfabética.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p