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Foi Dilma quem traiu Temer, não o contrário, quando o tirou da coordenação política

Foi uma das pisadas de Dilma em casca de banana; a mulher é viciada nisso

Por: Reinaldo Azevedo
A ainda presidente Dilma Rousseff chama Michel Temer, vice-presidente, de traidor e conspirador. É mesmo? Então vamos iluminar um pouco esse debate à luz dos fatos, remetendo os queridos leitores para alguns textos já um tanto antigos deste blog. Ou por outra: advertência não faltou. Mas sabem como é… Dilma é muito sabida.
Já escrevi aqui algumas vezes que esta senhora é viciada em casca de banana. Ela não pode ver uma na outra calçada que logo atravessa a rua para pisar em cima e se estatelar no chão.
No dia 30 de janeiro de 2015, escrevi aqui um post em que tratava do esforço que Dilma fez para impedir que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) fosse presidente da Câmara. A presidente patrocinou a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP). Era o jogo do perde-perde. Leiam este trecho do que escrevi então:
Qualquer pessoa razoável diria que ao mobilizar a máquina em favor de um candidato, Dilma entra num jogo de perde-perde. Ou, parafraseando Marina, “perde ganhando e perde perdendo”. Se Cunha for derrotado, sobra um caldo de ressentimento; se vence, terá sido contra a máquina oficial.”
Resultado da disputa? O candidato da presidente teve apenas 136 votos (um a menos do que os apenas 137 que votaram contra o impeachment na Câmara); Júlio Delgado (PSB-MG), que teve o apoio do PSDB, ficou com 100; Chico Alecar (PSOL), 8. E Cunha liquidou a fatura com 267. Vale dizer: Dilma perdeu perdendo. Era um derrota desnecessária.
Mas ela não aprende nada. Em abril de 2015, sem saída, a presidente fez de Temer o coordenador político do governo, papel que ele  desempenhou com absoluta fidelidade. Em companhia de Eliseu Padilha — e enfrentando alas hostis do próprio PMDB, inclusive Renan Calheiros, que estava distante do governo à época —, Temer conseguiu aprovar as principais medidas do ajuste fiscal. Foi eficiente no seu trabalho.
Ocorre que o PT é cúpido. Não permite que algo vingue à sua sombra. Um coordenador político tem de, necessariamente, conversar com partidos, com lideranças, com parlamentares, com setores organizados da sociedade civil. Ou não coordena nada.
Dilma foi tomada pelo ciúme e pelo despeito. “Conselheiros” da qualidade de Aloizio Mercadante alertaram a presidente que Temer estaria fazendo um jogo em favor de si mesmo. Vamos ver: digamos que aquele papel pudesse credenciá-lo para 2018… E daí?
Se ele demonstrava eficiência na articulação política, tanto melhor para o mandato em curso. Quatro meses depois, em agosto do ano passado, ele já estava fora do cargo. E, bem, cumpre notar que foi traído e difamado.
Quando Dilma pôs Temer fora da coordenação, escrevi aqui um post em que se lia o seguinte:
Acreditem: nunca antes na história deste país tanta gente atrapalhada esteve no governo ao mesmo tempo. Parece haver uma ação deliberada, determinada, dedicada mesmo a errar, a fazer tolices, a atacar a própria cidadela. A burrice, nesses casos, é sempre o pior inimigo. Um sabotador inteligente até pode ser contido. O dito-cujo pode ser chamado no canto e ouvir: “Saquei a sua. Pode parar”. Se for esperto, para. Mas como é que se manda um burro deixar de ser burro?”
Pois é… Eu quero Dilma fora, e Mercadante certamente a quer dentro. Se ela tivesse me ouvido, talvez continuasse dentro. Ouviu Mercadante e vai acabar caindo fora. Assim, peço aos petistas que continuem a desprezar o que escrevo.
Lá em janeiro de 2015, Dilma chamou Temer e avisou que não aceitaria Cunha como presidente da Câmara. O vice a fez saber que nada poderia ser feito porque a candidatura havia crescido demais e conquistados outros partidos da base. Ela deu a conversa por encerrada e reiterou um “Cunha não!”, como quem diz: “Vire-se!”. Como se coubesse ao vice fazer algo a respeito.
Essa é Dilma; é assim que negocia e que entende o jogo político.
É evidente que a petista cometeu crime de responsabilidade. A fundamentação jurídica é sólida. Mas não é menos evidente  — até porque é assim na ordem legal — que se trata também de um processo político, daí serem os senadores os juízes, não o Supremo.
Dilma tem uma enorme capacidade de fazer inimigos e de influenciar pessoas…

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