Vai ser difícil provar propina a políticos’, diz procurador da Zelotes
Frederico Paiva critica juiz federal e diz que acusados usavam saques de até 1 milhão de reais para evitar rastreamento
Frederico Paiva, Procurador da República na sede da PF, em Brasília (Folhapress)
O procurador da República Frederico Paiva disse nesta terça-feira que o Ministério Público Federal não deve conseguir provar o recebimento de propina por políticos com mandato no esquema de compra de medidas provisórias no Congresso e no governo, investigado na Operação Zelotes. Ele disse que a força-tarefa só identificou pagamentos a dois servidores públicos: Francisco Cesar Mesquita (Senado) e Lytha Spíndola (Casa Civil) e que a quadrilha de lobistas denunciada chegou a fazer saques de 1 milhão de reais na boca do caixa para distribuir o dinheiro e dificultar o rastreamento.
Paiva criticou decisões do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, que atuou na 10ª Vara Federal durante a investigação e foi afastado a pedido dos procuradores e da Polícia Federal, por suspeição de parcialidade. Leite barrou ações de investigação como quebras de sigilo e pedidos de prisões, que segundo o procurador, poderiam ter levado os investigadores a mais envolvidos.
"Parlamentar deve ter recebido, mas provar isso vai ser muito difícil, infelizmente. A gente queria, mas a gente vai até o limite. Tivemos muita dificuldade na investigação quando era o outro juiz, que indeferiu várias medidas. A gente não foi tão longe quanto poderia. Atrapalhou, mas faz parte. Ele entende que não pode investigar esse tipo de gente", disse Paiva.
O procurador afirmou que o pagamento de propina tanto para os dois servidores denunciados só foi possível porque haviam e-mails relacionados a Fernando Cesar Mesquita e porque Lytha Spíndola usou uma empresa dos filhos para receber o dinheiro. LEIA TAMBÉM:Dilma deve se pronunciar por escrito na Zelotes até 5 de fevereiro Zelotes: testemunha de lobistas chama Marcos Valério de bandido
Segundo Paiva, a aprovação de medidas provisórias (MPs) que beneficiaram a indústria automobilística foi acelerada por causa do pagamento de propina no Ministério da Fazenda e no Congresso. "Teve um azeite para a engrenagem andar rápido", disse.
Conforme o procurador, por meio da empresa SGR, os lobistas José Ricardo da Silva, ex-integrante do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), e Alexandre Paes dos Santos, conhecido como APS, buscaram facilitar a aprovação das MPs. José Ricardo operava no Ministério da Fazenda, e APS, no Congresso.
"A Mitsubishi pagava para o [Mauro] Marcondes, que passava para a SGR. Aí era feito saque na boca do caixa. Teve saque de 1 milhão de reais em dinheiro, em um dia, feito pelo Hugo Borges, que era o office-boy do escritório do José Ricardo e do APS. A medida que você tem cash, uma mochila lotada de dinheiro, não consegue rastrear mais. O dinheiro ia para o cofre e aí só o José Ricardo e o APS tinham acesso. A partilha era feita toda em dinheiro vivo para dificultar", disse Paiva.
Gerar link
Facebook
X
Pinterest
E-mail
Outros aplicativos
Gerar link
Facebook
X
Pinterest
E-mail
Outros aplicativos
Comentários
Postagens mais visitadas deste blog
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO 1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente Lula pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.
Comentários
Postar um comentário