OMS espera 4 milhões de casos de zika nas Américas; 1,5 mi no Brasil
/ Reuters
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Ao anunciar a previsão, Marcos Espinal, chefe de doenças transmissíveis da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da OMS no continente, não definiu um período para a ocorrência dos casos.
A OMS fez uma reunião de emergência com os Estados-membros em Genebra (Suíça), com participação do Brasil, e anunciou a convocação de um comitê emergencial sobre o zika na próxima segunda-feira, para decidir se o surto do vírus deve ser declarado uma emergência de saúde internacional. A última emergência do tipo foi anunciada no contexto da epidemia do ebola na África Ocidental, em 2014. A poliomielite havia recebido o mesmo status no ano anterior.
"O vírus foi detectado ano passado na região das Américas, onde se propaga de maneira explosiva", afirmou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, durante o encontro.
"O explosivo avanço do zika vírus a novas áreas geográficas, onde a população tem baixa imunidade, é outro motivo de preocupação, especialmente diante do possível elo entre a infecção durante a gravidez e o nascimento de bebês com microcefalia", declarou Chan.
Segundo ela, "a OMS juntou os melhores especialistas do mundo para comprovar se o zika tem relação com a microcefalia (circunferência craniana menor do que 32 cm, que causa deficiência cognitiva) ou com a síndrome de Guillain-Barré (problema neurológico que causa paralisia)".
Espinal, por sua vez, disse que um estudo a ser publicado sugere uma correlação entre o zika e a microcefalia em recém-nascidos no Brasil. "Não sabemos ainda se o vírus cruza a placenta e causa microcefalia. Ele tem algum papel, não há dúvida sobre isso", disse.
Cláudio Maierovitch, diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, participou da reunião por teleconferência de Brasília (DF), citando os casos de zika e microcefalia no Brasil e a quantas estão as investigações que comprovam a relação entre ambos.
Segundo ele, dois estudos de vacinas estão em andamento no Brasil: um feito pelo Instituto Bio Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz, em conjunto com o Instituto Evandro Chagas e a Universidade do Texas, e outro desenvolvido pelo Instituto Butantan, em São Paulo, com apoio do NIH (Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos).
Lyle Peterson, do CDC (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos), afirmou na reunião que o órgão trabalha em dois estudos de controle do zika vírus e sua relação com a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré em conjunto com o Brasil.
O número de casos suspeitos de microcefalia notificados no Brasil até 23 de janeiro subiu para 4.180, segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (27). Desse total, 3.448 casos continuam em investigação e 270 casos foram confirmados, sendo que seis tinham relação ao vírus zika. Outros 462 casos notificados já foram descartados.
O vírus foi descoberto em Uganda em 1947 e os primeiros casos humanos registrados na Nigéria em 1954. Em 1977, ele foi registrado no Paquistão e, 20 anos mais tarde, na Micronésia. A Polinésia Francesa foi alvo de um surto em 2011 e, agora, a OMS estima que todo o continente americano será afetado. (Com agências internacionais)
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