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É hora de parar de esconder que Lula é investigado na Operação da Lava Jato

Triplex do condomínio Solaris, no Guarujá
Novo alvo da Operação Lava Jato: triplex do edifício Solaris, no Guarujá, no litoral paulista
Está cada dia mais difícil fingir que Lula não é alvo de nenhuma investigação. De tanto repetirem que o ex-presidente não é investigado, o brasileiro começou a desconfiar. Será que não é? É grande o esforço para convencer o país de que o Lula que todo mundo vê não é o Lula de verdade, é outro personagem. Até Lula já acredita que o Lula que está na cara não é ele. “O próprio Sérgio Moro disse que eu não sou investigado”, declarou, na semana passada.
O problema é que, toda vez que os investigadores se mexem, esbarram no Lula que a infantaria petista diz que não é o Lula. Deflagrada nesta quarta-feira, a 22ª fase da Operação Lava Jato apura a suspeita de que a empreiteira OAS pagou propinas por meio de transações imobiliárias. O epicentro da apuração é o edifício Solaris, um condomínio de apartamentos assentado à beira mar, na praia de Astúrias, no Guarujá.
No despacho em que determinou mais um lote de prisões e batidas policiais de busca e apreensão, o juiz Sérgio Moro anotou que há a suspeita de que a OAS “teria utilizado o empreendimento imobiliário no Guarujá para repasse disfarçado de propina a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobras''. No papel, os alvos centrais da investigação são o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, uma empresa baseada no Panamá e a própria OAS. Porém…
A lista de 11 apartamentos sob investigação inclui o número 164 A do edifício Solaris. Hummmm… Vem a ser um triplex luxuoso que Lula adquiriu por meio de uma cota da Bancoop, cooperativa que era presidida por Vaccari antes de ir à breca, sob denúncias de corrupção. Do nada, surgiu a OAS. A empreiteira concluiu a obra da cooperativa falida e, de quebra, submeteu o imóvel cuja propriedade era atribuída a Lula a uma reforma do balacobaco. O triplex da família Silva ganhou até elevador privativo. Depois que os mimos ganharam as manchetes, Lula e sua mulher, Marisa Letícia, informaram ter desistido do imóvel.
Batizou-se a nova fase da Lava Jato de “Triplo X”. Por que diabos tenta-se novamente escamotear o fato de que Lula está sob investigação?, eis o ‘X’ da questão. Provocado, o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato, declarou:
“Nós investigamos fatos. Se houver um apartamento lá que esteja em seu nome [de Lula] ou que ele tenha negociado, vai ser investigado como todos os outros. […] Todos os apartamentos e todas as pessoas que tiveram ligação com este empreendimento são investigadas. Nenhuma pessoa em especial. Temos notícia que a família [de Lula] estaria desistindo de comprar o imóvel.”
Conforme já foi comentado aqui, Lula já havia se tornado personagem de quatro inquéritos. Um deles refere-se justamente ao apartamento do Guarujá. Responsável pelo processo, o promotor Cássio Conserino, de São Paulo, avisou que formalizará uma denúncia contra o ex-presidente e sua mulher. Vai enquadrá-los no crime de lavagem de dinheiro. Acusa-os de ocultar a posse do triplex reformado pela OAS.
Nas outras investigações, Lula é chamado ora de “informante” ora de “testemunha”. Mas é tratado nos interogatórios como investigado. Num processo, a Polícia Federal apura, em Brasília, a suspeita de envolvimento de Lula no loteamento político que deixou a Petrobras vulnerável à pilhagem. Noutro, a mesma PF esquadrinha o suposto envolvimento de Lula no caso de venda de medidas provisórias. Noutro mais, a Procuradoria da República apura indícios de que Lula traficou influência no exterior em favor de empreiteiras que remuneraram suas palestras.
Se Lula não é investigado, que personagem é esse que está pendurado de ponta cabeça nas manchetes? Ou o PT providencia rapidamente um exame de DNA ou alguma autoridade precisa comparecer à boca do palco para dizer, sem subterfúgios, algo assim: “Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República Federativa do Brasil, é, obviamente, investigado. Suspeita-se do seu envolvimento em crimes variados. Ao final dos processos, assegurado o amplo direito de defesa, vai-se saber se o personagem é culpado ou inocente. Por ora, é suspeito, muito suspeito, suspeitíssimo.”

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