Pular para o conteúdo principal

Dono da Engevix quer ser delator da Lava Jato

Advogado afirma que José Antunes Sobrinho agora quer contar o que sabe. Ele é suspeito de tentar atrapalhar as investigações da Polícia Federal

O executivo José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix
O executivo José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix preso na 19ª fase da Lava Jato batizada de 'Nessum Dorma'. Chega ao Instituto Médico Legal do Estado do Paraná (IML) para fazer exame corpo delito, em Curitiba - 21/09/2015(Paulo Lisboa/Brazil Photo /Folhapress)
O empresário José Antunes Sobrinho, um dos donos da construtora Engevix, está negociando um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato, mas tem encontrado resistência da força-tarefa do Ministério Público. A própria Engevix tenta fechar uma proposta de leniência com a Controladoria-geral da União (CGU) para não ser impedida de firmar contratos com a administração pública.
"Há possibilidade [de uma delação de Sobrinho]. O desejo de colaborar sempre é do acusado. É uma ideia dele. Se a colaboração acontecer, ela é importante para ele, para a empresa e para os demais sócios", disse nesta quarta-feira o advogado Antonio Figueiredo Basto, responsável pela defesa do executivo. Após o empresário prestar depoimento no processo a que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu responde na Lava Jato, Basto criticou penas que julgou excessivas a empresas investigadas no escândalo do petrolão e as dificuldades para fechar acordos de colaboração.
"Quebrar as empreiteiras não vai trazer benefício nenhum ao país. Até agora a punição ficou restrita a operadores, empresas, que estão sendo punidas duramente. Acho que passou dos limites de punir", disse. Sem citar nomes, cobrou a punição de políticos que, segundo ele, autorizaram o funcionamento do esquema de corrupção e fraudes em contratos da Petrobras.
"Está na hora de punir quem comandou isso aí, o aparato de poder totalmente mantido,e gerenciado pelo poder público e pelos partidos políticos. Um grupo que tomou conta do poder do país, que está mandando e malversou o poder. Todo mundo se uniu para explorar a Petrobras e ficar no poder. Não existe ninguém nessa história totalmente santo, mas existe uma cadeia de comando muito bem identificada e verticalizada. Quem fez foi quem estava dentro e tinha a caneta para fazer. Se a autoridade pública não quisesse fazer, não faria", afirmou.
Preso em setembro, o executivo José Antunes Sobrinho é suspeito de ter atuado ativamente no escândalo do eletrolão. Segundo os investigadores, ele negociou com outro delator da Lava Jato, Victor Colavitti, a confecção de documentos falsos para serem apresentados ao Ministério Público e justificar repasses de propina para a empresa Aratec, apontada pelos investigadores como o principal duto para pagamentos ilícitos ao ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, vice-almirante da Marinha. Colavitti é o controlador da companhia Link Projetos e admitiu, após acordo de colaboração com o Ministério Público, que os repasses de dinheiro à Aratec foram feitos a mando da Engevix.
Em depoimento à Polícia Federal, José Antunes Sobrinho confirou que os contratos entre a Engevix e a Link Projetos eram fraudulentos e visavam propiciar repasses a Othon Luiz, mas negou que fossem propina. Na versão dele, era dinheiro como "contribuição" para o desenvolvimento de um projeto de turbina.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular