Indiciados pela PF, presidente e diretor da Samarco são afastados
Segundo a empresa, eles pediram para deixar o cargo para se dedicar às suas defesas; mineradora era responsável pela barragem que se rompeu em novembro do ano passado
A Samarco é a mineradora responsável pela barragem de resíduos de mineração Fundão, que se rompeu na cidade de Mariana (MG), em novembro do ano passado, causando a morte de 19 pessoas - duas seguem desaparecidas - e a destruição de ecossistemas da Bacia do Rio Doce. As mortes são apuradas em outro inquérito, conduzido pela Polícia Civil de Minas Gerais.
Além dos executivos, a Samarco, a Vale, que é dona de metade da empresa, e a VogBR, responsável pelo laudo que atestou a estabilidade da barragem, também foram indiciadas pela Polícia Federal. O indiciamento se deu com base no artigo 54 da lei de crimes ambientais, que trata de "causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora". A pena para esse delito é reclusão de seis meses a cinco anos, além do pagamento de multa.
A enxurrada de lama percorreu mais de 600 quilômetros, devastando a fauna e a flora do Rio Doce, e chegou até o mar no Espírito Santo. O Ibama também suspeita que a lama possa ter alcançado o litoral baiano. Logo depois do incidente, a empresa foi bastante criticada pelas autoridades por demorar a agir nos dias que se sucederam ao rompimento da barragem.
No lugar de Vescovi, assume interinamente o atual diretor comercial, Roberto Carvalho, que trabalha na mineradora desde 1985. O diretor de Projetos e Ecoeficiência, Maury de Souza Junior, assumiu o cargo de Terra, acumulando as duas funções. "A empresa reforça que todos os compromissos já assumidos e as ações em curso serão rigorosamente mantidos", diz a nota.
O Ministério Público Federal pediu nesta semana para a Polícia Federal fazer uma acareação entre os dois diretores afastados. Segundo o procurador Eduardo Santos de Oliveira, o diretor Kleber Terra contou à PF que comunicou Vescovi sobre problemas de drenagem na barragem, o que o presidente nega.
"Ele [Kleber Terra] disse em sede policial que levou esses problemas ao conhecimento do senhor Ricardo Vescovi desde o começo. Embora este último negue. É da nossa intenção, inclusive, requerer que o delegado faça uma acareação entre esses dois. O fato é que é uma relação hierárquica entre o zero dois da empresa e o zero um. Nós achamos pouco provável que esses fatos não tenham sido comunicados ao doutor Ricardo. Estamos convencidos, pelo que foi apurado até agora que a barragem de Fundão, desde a sua concepção em 2006, 2007, e a sua operação em 2008, já apresentava problemas de instabilidade e que o rompimento é só o ápice disso tudo", disse o procurador em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, na última segunda-feira
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