Pular para o conteúdo principal

Justiça homologa plano de recuperação judicial da OAS e grupo vende ativos

Segundo cálculos do grupo, a dívida reestruturada com credores e fornecedores é de cerca de 8 bilhões de reais

Léo Pinheiro, diretor afastado da OAS
Léo Pinheiro, diretor afastado da OAS.
A 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo homologou nesta quarta-feira o plano de recuperação judicial do Grupo OAS, cuja empreiteira é uma das integrantes do clube do bilhão, cartel que fraudou contratos com a Petrobras e distribuiu propina a agentes públicos. A assembleia geral de credores já havia aprovado, em dezembro, o Plano do Grupo OAS, que garante a continuidade das operações da construtora e o pagamento de credores e fornecedores com a venda, entre outros, da OAS Óleo e Gás, da OAS Soluções Ambientais e da participação do grupo no consórcio Invepar, concessionária responsável pelo aeroporto de Guarulhos (SP). A canadense Brookfield ofereceu 1,35 bilhão de reais pelos 24,4% da OAS na concessionária que administra o terminal de Cumbica.
Segundo cálculos da OAS, a dívida reestruturada com credores e fornecedores é de cerca de 8 bilhões de reais, montante que deverá ser pago em um período de seis a 25 anos. De acordo com a companhia, a venda dos ativos permitirá que o caixa das áreas de engenharia e construção receba aporte de até 475 milhões de reais.
O Grupo OAS apresentou em março do ano passado pedido de recuperação judicial de nove empresas - OAS S.A., Construtora OAS, OAS Imóveis S.A., SPE Gestão e Exploração de Arenas Multiuso, OAS Empreendimentos S.A., OAS Infraestrutura S.A., OAS Investments Ltd., OAS Investments GmbH e OAS Finance Ltd. - e alegou que "a iniciativa foi o melhor caminho encontrado pelo Grupo OAS para vender seus ativos e avançar para a renegociação de suas dívidas com credores e fornecedores diante da intensa restrição de crédito verificada desde o fim do ano passado para o setor de infraestrutura".
Lava Jato - Nas investigações sobre a Operação Lava Jato, procuradores da força-tarefa do Ministério Público afirmam que a cúpula da OAS estava "plenamente ciente" de que participava do cartel de empreiteiras para fraudar contratos com a Petrobras e que os executivos da construtora continuaram praticando crimes até momentos antes da prisão do doleiro Alberto Youssef, apontado como o intermediário da empresa no propinoduto. Em acordo de delação premiada, o ex-gerente de Serviços da petroleira Pedro Barusco deu detalhes da atuação da OAS no petrolão e - mais - informou que o então presidente da companhia Léo Pinheiro negociava diretamente com o então tesoureiro do PT João Vaccari Neto os valores de propina a serem destinados ao partido.
Em agosto, o juiz Sergio Moro condenou a cúpula da empreiteira por participação no escândalo do petrolão e impôs pena de dezesseis anos e quatro meses de prisão a Léo Pinheiro, pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Na sentença, o magistrado diz que a OAS fraudou "sistematicamente" contratos e licitações da Petrobras em obras da refinaria Abreu e Lima (PE), do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e na refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. A condenação do executivo não inviabiliza um futuro acordo de delação premiada. Pinheiro temia ser condenado a cumprir mais de dois anos em regime fechado, o que de fato ocorreu.
De acordo com Moro, a OAS, em uma ofensiva para corromper agentes da Petrobras, pagou 29,2 milhões de reais em propina para a diretoria de Abastecimento da Petrobras, então comandada pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. As operações de lavagem de dinheiro envolvendo a construtora, relatou o juiz, envolveram contratos e notas fiscais falsas e movimentaram 41,5 milhões de reais. Como parte da condenação, a justiça impôs o pagamento de 29,22 milhões de reais como "indenização" pelos crimes, o mesmo patamar dos frequentes depósitos de propina para a diretoria comandada, durante o petrolão, por Paulo Roberto Costa. As estimativas são de que os contratos da Petrobras com a empresa ficaram até 23% mais caros por conta das sucessivas fraudes e desvios para pagamento de propina.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Ex-presidente da Petrobras tem saldo de R$ 3 milhões em aplicações A informação foi encaminhada pelo Banco do Brasil ao juiz Sergio Moro N O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil) Em documento encaminhado ao juiz federal Sergio Moro no dia 31 de outubro, o Banco do Brasil informou que o ex-presidente da Petrobras e do BB Aldemir Bendine acumula mais de R$ 3 milhões em quatro títulos LCAs emitidos pela in...
Grécia e credores se aproximam de acordo em Atenas Banqueiros e pessoas próximas às negociações afirmam que acordo pode ser selado nos próximos dias Evangelos Venizelos, ministro das Finanças da Grécia (Louisa Gouliamaki/AFP) A Grécia e seus credores privados retomam as negociações de swap de dívida nesta sexta-feira, com sinais de que podem estar se aproximando do tão esperado acordo para impedir um caótico default (calote) de Atenas. O país corre contra o tempo para conseguir até segunda-feira um acordo que permita uma nova injeção de ajuda externa, antes que vençam 14,5 bilhões de euros em bônus no mês de março. Após um impasse nas negociações da semana passada por causa do cupom, ou pagamento de juros, que a Grécia precisa oferecer em seus novos bônus, os dois lados parecem estar agindo para superar suas diferenças. "A atmosfera estava boa, progresso foi feito e nós continuaremos amanhã à tarde", d...