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Lava Jato vê indícios de cartel em agenda de executivo da Odebrecht

Polícia Federal destaca "linguagem cifrada" em anotações de Márcio Faria

A Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão durante operação no escritório da Construtora Odebrecht, na Zona Oeste de São Paulo, nesta sexta-feira (19)
Escritório da construtora Odebrecht, na Zona Oeste de São Paulo(Reuters)
Em nova denúncia por corrupção contra a cúpula da Odebrecht, apresentada à Justiça Federal na última sexta-feira (16) a força-tarefa da Operação Lava Jato aponta indícios de cartel na agenda do executivo Márcio Faria, ligado à maior empreiteira do País. Faria foi diretor da Construtora Norberto Odebrecht e, segundo os procuradores, era o representante do grupo no "clube vip" de empresas que apossaram de contratos bilionários da Petrobras entre 2004 e 2014.
Um laudo da Polícia Federal destaca "linguagem cifrada" na agenda do executivo. Os investigadores observam que a partir da apreensão de agendas pessoais de Márcio Faria foi possível encontrar referências, "boa parte das quais em linguagem cifrada", de encontros do "Clube" ou cartel de empreiteiras.
Os procuradores que subscrevem a denúncia contra o alto escalão da Odebrecht apontam que "a atuação dos administradores da Odebrecht no cartel restou comprovada pelas diversas conversas de e-mail apreendidas pela Polícia Federal" durante a primeira busca e apreensão na sede da empreiteira, em novembro de 2014.
"A forma encontrada pelas empreiteiras do clube de tornar o cartel ainda mais eficiente, foi a corrupção de diretores e empregados do alto escalão da Petrobras, oferecendo-lhes vantagens indevidas (propina) para que estes não só se omitissem na adoção de providências contra o funcionamento do "clube", como também para que estivessem à disposição sempre que fosse necessário para garantir que o interesse das cartelizadas fosse atingido", sustenta a denúncia.
Márcio Faria, o presidente da empreiteira, Marcelo Bahia Odebrecht, os executivos Rogério Araújo e César Rocha, os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Renato Duque (Serviços) e o ex-gerente executivo da estatal Pedro Barusco foram denunciados por suposta propina de R$ 137 milhões em oito contratos com a estatal, entre 2004 e 2011.
A Procuradoria denuncia prática de corrupção nos projetos de terraplenagem no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e na Refinaria Abreu de Lima (RNEST); na Unidade de Processamento de Condensado de Gás Natural (UPCGN II e III) do Terminal de Cabiunas (Tecab); da Tocha e Gasoduto de Cabiunas; das plataformas P-59; P-60, na Bahia.
Segundo a denúncia, há na agenda de Márcio Faria, ainda, uma citação ao operador de propinas Mário Góes. Um dos delatores da Lava Jato, Mário Góes já foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.
Reunião
A denúncia destaca também que o ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini, um dos delatores da Lava Jato, relatou à força-tarefa que uma das reuniões do clube de empresas cartelizadas foi feita na sede da Andrade Gutierrez. Segundo o delator, o encontro ocorreu em 12 de setembro de 2011, "oportunidade em que provavelmente foi discutida a participação das empresas do cartel na Tubovias do Comperj".
O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor Paulo Roberto Costa, ambos delatores, "reconheceram expressamente" que, para as obras da RNEST e do Comperj, receberam e aceitaram propina, oferecida por Marcio Faria, afirma a Procuradoria.
Defesa
"As defesas do executivo e dos ex-executivos da Odebrecht ainda não tomaram conhecimento do inteiro teor da denúncia e se pronunciarão oportunamente", declarou a empreiteira ao ser questionada sobre o assunto.
(Com Estadão Conteúdo)

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