Pular para o conteúdo principal

À CPI do BNDES, Miguel Jorge tentou explicar os e-mails em que confirma que o ex-presidente atuou pela Odebrecht na África

Ex-ministro fala à CPI do BNDES
Ex-ministro fala à CPI do BNDES.
O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge minimizou nesta terça-feira a atuação do ex-presidente Lula em favor da empreiteira Odebrecht, interessada em participar da construção de uma hidrelétrica na Namíbia, e declarou em depoimento à CPI do BNDES, na Câmara dos Deputados, que a prática de lobby foi "demonizada" depois do estouro da Operação Lava Jato, que investiga o esquema bilionário de corrupção envolvendo fraudes em contratos com a Petrobras e pagamento de propina a agentes públicos.
A análise das trocas de e-mails entre o empresário Marcelo Odebrecht, preso na Lava Jato, e executivos da empreiteira revela a proximidade da empresa com o ex-presidente Lula e com integrantes do governo petista na defesa dos interesses da construtora em negócios dentro e fora do Brasil. A Polícia Federal encontrou um e-mail em que Odebrecht e dois executivos da empreiteira, Marcos Wilson e Luiz Antonio Mameri, conversam com o então ministro Miguel Jorge, que confirma que Lula fez lobby para a empreiteira no país africano. "Miguel Jorge afirma que esteve com os presidentes (do Brasil e da Namíbia) e que 'PR fez o lobby', provável referência ao presidente Lula", registra análise prévia feita pela PF. Na conversa, o objeto do lobby seria a hidrelétrica Binacional Baynes, que envolvia um consórcio brasileiro formado pela Odebrecht, a Engevix - duas empreiteiras acusadas de corrupção na Lava Jato - e as estatais Eletrobras e Furnas, em um investimento de 800 milhões de dólares.
Leia também:
Empreiteira articulou lobby de Lula com o 'amigo' Maduro
"Eu também mascateei o Brasil pelo mundo inteiro. E fiz o que é chamado no mundo todo como diplomacia comercial. Esse e-mail é parte desse processo. Deveria ter substituído o termo por diplomacia comercial? Talvez, e volto a dizer que a palavra lobby foi demonizada", disse.
Aos deputados da CPI do BNDES, Miguel Jorge criticou a atual utilização da palavra lobby para definir a atuação de operadores do petrolão, como Fernando Baiano ou Julio Camargo, e disse, sem citar os nomes dos investigados na Lava Jato, que a atuação deles é "criminosa" e não de lobista.
"O que temos visto são ações que estão previstas no Código Penal. Há vários projetos para oficializar o lobby no Congresso. Já tarda em que nos preocupemos em regulamentar a profissão. [Fazer lobby] É uma profissão honesta. Não se pode confundir ação de lobby com ação de crime", disse. Jorge negou ter viajado em jatos pagos por empresas, mas se recusou a comentar as suspeitas de que o ex-presidente Lula tenha recebido favores de empresas investigadas na Lava Jato em troca de lobby internacional em favor das empreiteiras. Ele negou ser amigo pessoal do político petista, embora o conheça há cerca de 40 anos, e disse que não comentaria assuntos que extrapolassem a função dele como ex-ministro do Desenvolvimento.
Questionado pelo deputado Alexandre Baldy sobre a atuação específica de Lula, que recebeu dinheiro de empreiteiras para proferir palestras e ao mesmo tempo atuar em favor das mesmas empresas, Miguel Jorge foi evasivo: "o presidente Clinton já veio ao Brasil várias vezes e cobra 300 mil dólares por palestra".
Em depoimento à CPI do BNDES, o ex-ministro disse que "não vai dar mais para usar a palavra lobby no Brasil depois desse um ano e meio. Lobby é a tentativa de convencimento por meios lícitos. É a reunião pública que pode ser gravada, acompanhada por jornalista, divulgada", disse. Ele citou que é comum que chefes de Estado e de governo atuem em defesa de empresas nacionais e afirmou que os ex-presidentes Bill Clinton e Nicolas Sarkozy, por exemplo, fizeram lobbies junto ao Brasil em defesa de companhias americanas e francesas.
"A primeira informação que tive de lobby foi com a rainha Elizabeth II na década de 70, quando ela veio ao Brasil vender aviões ingleses. Em uma concorrência muito acirrada sobre equipamentos para o Sivam, em 1993, o presidente Itamar disse que o presidente Clinton ligou duas vezes para ele porque estava defendendo 30.000 empregos americanos. Clinton seria acusado de fazer lobby? Não poderia. Vi Sarkozy tentar nos convencer das excelências do [caça] Rafale. E vi o rei Gustav da Suécia tentar nos convencer também de que era muito melhor comprar um [caça] Gripen do que um Rafale", relatou.
Na época da divulgação do email sobre o lobby internacional em favor da companhia, a Odebrecht disse que "os trechos de mensagens eletrônicas divulgados apenas registram uma atuação institucional legítima e natural da empresa e sua participação nos debates de projetos estratégicos para o País - nos quais atua, em especial como investidora".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p