por Andreza Matais e Igor Gadelha | Estadão Conteúdo
Agência Brasil
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
chamou neste domingo (15) de "incompetente" o advogado de defesa do
presidente Michel Temer, Eduardo Carnelós. O parlamentar disparou
críticas após Carnelós ter classificado como "vazamento criminoso" a
divulgação dos vídeos da delação do operador financeiro Lúcio Funaro,
que atingem Temer. "Não teve vazamento. O advogado é incompetente",
disse Maia à
Coluna do Estadão. Os vídeos da delação de Funaro
foram divulgados no site da Câmara em 22 de setembro, junto com os
outros documentos relacionados à segunda denúncia contra Temer e os
ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral
da Presidência) por organização criminosa. O material foi enviado pela
presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, por meio de ofício
expedido em 21 de setembro, uma semana após a Procuradoria-Geral da
República (PGR) apresentar a denúncia. Após receber o ofício da
presidente do STF, o secretário-Geral da Mesa Diretora, Wagner Soares,
determinou que os vídeos fossem divulgados. Soares assumiu o posto por
indicação de Maia. A divulgação do material ocorreu na mesma semana em
que o presidente da Câmara disparou duras críticas a Temer e ao PMDB, em
razão do assédio dos peemedebistas a parlamentares do PSB com os quais o
DEM negociava filiação. Após Maia criticá-lo, o advogado de Temer
divulgou nova nota neste domingo fazendo um "mea culpa". "Quando
divulguei nota ontem, referindo-me a vazamento que qualifiquei como
criminoso, desconhecia que os vídeos com os depoimentos de Funaro
estavam disponíveis na página da Câmara dos Deputados. (...) Não poderia
supor que os vídeos tivessem sido tornados públicos. Somente fiquei
sabendo disso por meio de matéria televisiva levada ao ar ontem.",
afirmou. "Jamais pretendi imputar ao presidente da Câmara a prática de
ilegalidade, muito menos crime, e hoje constatei que o ofício
encaminhado a S. Ex.ª pela Presidente do STF, com cópia da denúncia e
dos anexos que a acompanham, indicou serem sigilosos apenas autos de um
dos anexos, sem se referir aos depoimentos do delator, que também
deveriam ser tratados como sigilosos", acrescentou o advogado do
presidente da República. Na nota divulgada no sábado (14), Carnelós
criticou as autoridades que permitiram ou promoveram o vazamento, pois,
na avaliação dele, elas deveriam "respeitar o ordenamento jurídico". Ele
atacou também a imprensa, afirmando ser inaceitável a "publicidade
espetaculosa à palavra de notório criminoso, que venceu a indecente
licitação realizada pelo ex-PGR para ser delator, apenas pela manifesta
disposição de atacar o Presidente da República." No vídeo da delação,
divulgado inicialmente pelo jornal Folha de S. Paulo, Funaro diz que era
"lógico" que o ex-assessor especial do presidente Michel Temer José
Yunes sabia que havia entregue a ele uma caixa com dinheiro em setembro
de 2014. Diz, também, que Temer tentou favorecer empresas que atuam no
porto de Santos (SP) durante tramitação da Medida Provisória (MP) dos
Portos, em 2013. Na primeira denúncia apresentada pela PGR contra Temer,
por corrupção passiva, a presidente do STF também enviou para a Câmara
os vídeos da delação da JBS, que basearam a peça acusatória. Da mesma
forma, Rodrigo Maia ordenou que o material fosse divulgado no site da
Casa, o que foi feito pela Secretaria-Geral da Mesa Diretora.
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