Pular para o conteúdo principal
Por sobrevivência política, Temer quer fazer pacto com Maia 1 / 32
BRASÍLIA - Passada a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer, o Palácio do Planalto quer fazer um pacto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para conseguir emplacar uma agenda de reformas consideradas necessárias na retomada do crescimento econômico. Com menos apoio político, Temer sabe que agora depende de Maia para aprovar projetos polêmicos, “tourear” o Centrão e concluir sem sobressaltos o seu mandato, em 1.º de janeiro de 2019.
+ Análise: O fim sem dignidade de um governo
MICHEL TEMER: Presidente Michel Temer conseguiu barrar segunda denúncia na Câmara© DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Presidente Michel Temer conseguiu barrar segunda denúncia na Câmara
O objetivo do Centrão - grupo formado por partidos médios, como PP, PR e PSD -, é transformar Maia em uma espécie de “primeiro ministro” para conduzir a articulação da Câmara com o Planalto. Conhecido por fazer ameaças e se rebelar, o grupo que já foi liderado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - hoje preso da Lava Jato - também pressiona o governo por uma reforma ministerial. Quer a todo custo tirar o PSDB da Esplanada, sob o argumento de que a bancada tucana aumentou o grau de infidelidade ao presidente.
Temer planeja prestigiar Maia, que também tem boa interlocução com o empresariado e o mercado financeiro. Nos últimos dias, por exemplo, pediu para o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acertar com o deputado um modelo que permita enxugar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre a reforma da Previdência. Nesta quinta-feira, 26, Maia também se reuniu com o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira.
Certo de que não terá os votos necessários para aprovar mudanças na aposentadoria às vésperas do ano eleitoral de 2018, o governo pretende se fixar na redução da idade mínima para a concessão do benefício e na quebra de privilégios dos servidores.

Questionado sobre a possibilidade de ser “primeiro ministro” de um governo sem força, Maia abriu um sorriso. “Eu já sou articulador político, mas não dá para fazer um modelo híbrido num sistema presidencialista como o nosso”, disse ele ao Estado. “Michel sempre manteve uma boa relação com o Parlamento, o Brasil vive uma crise profunda e acredito que a Câmara terá um papel relevante para sairmos da crise. Não se pode misturar embate político com a agenda do País.”
Além de mudanças na Previdência, o Planalto quer concentrar esforços na simplificação tributária. Maia concorda, mas não abre mão de também investir em projetos sociais que dizem respeito à segurança pública e à geração de empregos. Até agora, o deputado jura ser candidato à reeleição pelo Rio, Estado que vive a maior crise de segurança do País.
“Não existe e nem existirá essa competição entre o Executivo e o Legislativo”, argumentou o ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, que chegou a reassumir o mandato de deputado do PSDB para ajudar Temer a derrubar a denúncia na Câmara. “As boas iniciativas devem ser recebidas com aplauso.”
Imbassahy foi escalado por Temer várias vezes, nas últimas semanas, para acalmar Maia, que disse ser vítima de “intrigas” do Planalto. O tucano conseguiu reaproximar o presidente da Câmara do governo, mas não se livrar das críticas do Centrão, que pede a sua cabeça.
“Eu rezo para Rodrigo Maia ser iluminado, porque só assim vamos aprovar a reforma da Previdência, a tributária e mexer com a segurança”, afirmou o deputado Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara. “Com o protagonismo do Rodrigo, se ele for contra algum projeto aqui, a coisa não anda, mesmo que o Executivo queira que ande.”

Na prática, tanto a pauta do Planalto como a do Congresso será muito atrelada às eleições de 2018. "A agenda eleitoral é a que vai dominar nesse pós-denúncia e o governo precisará ter uma base aliada que garanta a estabilidade. Não poderá nem exigir, nem retaliar”, disse o deputado Sílvio Torres (SP), secretário-geral do PSDB, que é aliado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e foi a favor do prosseguimento da denúncia contra Temer.
Apesar de comandar quatro ministérios, o PSDB continua rachado e, nesta quarta-feira, deu mais votos contra do que a favor do presidente - 23 a 21. Além disso, exibiu maior índice de infiéis agora do que na votação da primeira denúncia, em 2 de agosto. Desta vez, Temer foi acusado pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de chefiar uma organização criminosa para desviar recursos públicos e também de obstruir a Justiça nas investigações da Lava Jato. No mesmo processo, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) foram denunciados por organização criminosa.
“Temer está tendo uma nova oportunidade de reiniciar o governo. Necessita urgentemente fazer uma rearrumação e tirar os tucanos da equipe porque do jeito que está não funciona”, afirmou o deputado Arthur Lira (AL), líder da bancada do PP na Câmara. “Maia terá um papel importante nesse processo porque dialoga bem com a base e com a oposição.”
Ao ser perguntado se o Executivo aceitaria dar ainda mais protagonismo ao presidente da Câmara, Lira não pestanejou. “Aceitar ou não independe da vontade do governo. É uma questão de sobrevivência”, argumentou ele.
Para o deputado Orlando Silva (PC do B-SP), o Planalto se converteu em um “comitê” para salvar Temer, “sangrando” as contas públicas. “O presidente ganhou, mas não levou”, disse Silva. “Na prática, já vivemos um semiparlamentarismo e Rodrigo Maia virou primeiro-ministro.”

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p