S&P diz que meta fiscal é 'desafiadora' e descarta reformas antes das eleições
A diretora de ratings soberanos da Standard & Poor's, Lisa Schineller, não espera ver reformas e melhora fiscal neste ano eleitoral no Brasil. Em entrevista concedida ontem ao 'Broadcast', serviço em tempo real da 'Agência Estado', ela afirmou também que o País tem menos espaço para manobra em caso de choque do que tinha no passado.
A deterioração fiscal, o baixo crescimento econômico e a piora das contas externas são as justificativas da S&P para o rebaixamento da nota de crédito brasileira anunciada na segunda-feira à noite, de BBB para BBB-. "Não veremos reformas em um ano de eleição", afirmou Lisa.
Ela também avalia que não será fácil para o Brasil cumprir a meta de superávit primário de 1,9% do PIB estabelecida pelo governo para este ano. Lisa considera a meta "desafiadora".
A diretora disse que a decisão de rebaixar a nota de crédito não estava tomada antes de a equipe da S&P chegar ao Brasil. O time de Lisa esteve no País há duas semanas, para diversas reuniões com economistas do setor privado e autoridades do governo. Alguns especialistas acreditavam que a decisão sobre o rating poderia demorar um pouco mais, para considerar o desempenho fiscal do governo nos próximos meses.
Segundo ela, a visita ao Brasil teve o objetivo de coletar informações para traçar um amplo panorama da economia nacional. Como conclusão, ficou a visão de que não havia perspectiva de melhora da situação fiscal, além da expectativa de crescimento econômico mais fraco.
"Foi uma decisão coletiva", afirmou. De acordo com Lisa, o fato de a perspectiva do rating do Brasil ser agora estável sinaliza que outro rebaixamento da nota de crédito do País não está no horizonte. "Não estamos dizendo que o Brasil tem risco de perder o grau de investimento."
Lisa reconheceu que após as eleições presidenciais alguns sinais sobre os rumos da economia poderiam ficar mais claros. Porém, a piora fiscal fez com que a agência não esperasse pelo processo eleitoral.
Solidez. Lisa explicou que a perspectiva ficou estável após o rebaixamento da nota de crédito de BBB para BBB-, em razão da composição ainda sólida da dívida brasileira. Ela citou ainda que, apesar da deterioração fiscal, a política monetária do Banco Central tem conseguido manter a inflação dentro da meta, que é de 4,5%, com tolerância de 2 pontos porcentuais para cima e para baixo.
No grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil e Índia têm o mesmo rating, BBB-. Porém, enquanto o Brasil tem perspectiva estável, a Índia está com perspectiva negativa. Lisa sinalizou ser pouco provável que o Brasil seja o primeiro desse grupo a cair para a categoria de grau especulativo.
Ainda de acordo com ela, o Brasil tem se ajustado ao processo de desmonte de estímulos monetários americanos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). "Vemos que os mecanismos de ajustes estão presentes. A moeda (real) está mais fraca e esse é um ajuste importante de resiliência ao tapering (retirada de estímulos da economia americana)."
A Standard & Poor1s prevê que o crescimento econômico do Brasil continuará baixo nos próximos anos e um eventual racionamento de energia pode pesar negativamente na expansão do PIB. A agência projeta expansão de 1,8% este ano e de 2% em 2015.
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A deterioração fiscal, o baixo crescimento econômico e a piora das contas externas são as justificativas da S&P para o rebaixamento da nota de crédito brasileira anunciada na segunda-feira à noite, de BBB para BBB-. "Não veremos reformas em um ano de eleição", afirmou Lisa.
Ela também avalia que não será fácil para o Brasil cumprir a meta de superávit primário de 1,9% do PIB estabelecida pelo governo para este ano. Lisa considera a meta "desafiadora".
A diretora disse que a decisão de rebaixar a nota de crédito não estava tomada antes de a equipe da S&P chegar ao Brasil. O time de Lisa esteve no País há duas semanas, para diversas reuniões com economistas do setor privado e autoridades do governo. Alguns especialistas acreditavam que a decisão sobre o rating poderia demorar um pouco mais, para considerar o desempenho fiscal do governo nos próximos meses.
Segundo ela, a visita ao Brasil teve o objetivo de coletar informações para traçar um amplo panorama da economia nacional. Como conclusão, ficou a visão de que não havia perspectiva de melhora da situação fiscal, além da expectativa de crescimento econômico mais fraco.
"Foi uma decisão coletiva", afirmou. De acordo com Lisa, o fato de a perspectiva do rating do Brasil ser agora estável sinaliza que outro rebaixamento da nota de crédito do País não está no horizonte. "Não estamos dizendo que o Brasil tem risco de perder o grau de investimento."
Lisa reconheceu que após as eleições presidenciais alguns sinais sobre os rumos da economia poderiam ficar mais claros. Porém, a piora fiscal fez com que a agência não esperasse pelo processo eleitoral.
Solidez. Lisa explicou que a perspectiva ficou estável após o rebaixamento da nota de crédito de BBB para BBB-, em razão da composição ainda sólida da dívida brasileira. Ela citou ainda que, apesar da deterioração fiscal, a política monetária do Banco Central tem conseguido manter a inflação dentro da meta, que é de 4,5%, com tolerância de 2 pontos porcentuais para cima e para baixo.
No grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil e Índia têm o mesmo rating, BBB-. Porém, enquanto o Brasil tem perspectiva estável, a Índia está com perspectiva negativa. Lisa sinalizou ser pouco provável que o Brasil seja o primeiro desse grupo a cair para a categoria de grau especulativo.
Ainda de acordo com ela, o Brasil tem se ajustado ao processo de desmonte de estímulos monetários americanos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). "Vemos que os mecanismos de ajustes estão presentes. A moeda (real) está mais fraca e esse é um ajuste importante de resiliência ao tapering (retirada de estímulos da economia americana)."
A Standard & Poor1s prevê que o crescimento econômico do Brasil continuará baixo nos próximos anos e um eventual racionamento de energia pode pesar negativamente na expansão do PIB. A agência projeta expansão de 1,8% este ano e de 2% em 2015.
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