Produtor perderá US$ 4,34 bi com subsídio americano
Em seus 5 anos de vigência, lei aprovada em janeiro causará esse prejuízo aos exportadores de algodão, milho e soja, calcula a CNA
BRASÍLIA - A lei agrícola dos Estados Unidos (Farm Bill), aprovada em janeiro, pode levar os produtores brasileiros de algodão, milho e soja a um prejuízo de US$ 4,34 bilhões em exportações nos cinco anos de vigência da legislação (2014-2018). O montante foi calculado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que estimou o prejuízo com base em projeções de queda nos preços das três commodities por causa do aumento da produção subsidiada em solo americano.
A perspectiva é de que a produção brasileira de soja perca US$ 2,5 bilhões em exportações, com base numa perda anual média anual de US$ 480 milhões entre 2014 e 2018. O prejuízo seria o resultado de uma queda média de 3% no preço do grão, causada pelos incentivos americanos.
A CNA calcula em US$ 1,5 bilhão a perda para o milho, com impacto anual de US$ 280 milhões sobre a balança comercial, a partir de uma redução de preço de 4%. O algodão brasileiro pode perder US$ 340 milhões com uma queda na cotação prevista em 4% e uma média anual de US$ 70 milhões de impacto sobre as exportações.
O recuo no preço seria o reflexo de um aumento na produção pelos Estados Unidos apoiado em incentivos que devem somar US$ 64,5 bilhões até 2018. A Farm Bill prevê o aumento na cobertura de seguros agrícolas, que passam a variar de 70% a 90% das perdas que os brasileiros possam ter ao longo do plantio. Já a derrubada no valor das commodities pode ser o reflexo da elevação de preços de referência internos, que os americanos receberão mesmo se houver queda no valor das commodities no mercado global.
Subsídios nocivos. Os números integram o estudo "Política Agrícola dos Estados Unidos e da União Europeia: Impacto no Agronegócio Brasileiro", elaborado pela consultoria Agroicone a pedido da CNA. É o primeiro posicionamento formal do agronegócio brasileiro sobre incentivos desde o impasse do algodão na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2010.
De acordo com o estudo, o preço do milho poderá cair entre 3% e 5% nos próximos cinco anos por causa do subsídio dos EUA. Para a soja, a variação é de 2% a 4% e para o algodão entre 3,7% e 4,3%. As quedas refletem o repasse de recursos previstos na Farm Bill de US$ 40,3 bilhões para o milho, US$ 19,2 bilhões para a soja e US$ 5 milhões, para o algodão.
"O setor produtivo está indignado com o tamanho desses subsídios nocivos, o que pode ampliar a área de produção nos Estados Unidos, provocando uma depreciação dos preços no mercado internacional", disse a presidente da CNA, a senadora Kátia Abreu (PMDB-RO).
Soja é surpresa. Foi a primeira vez que a soja entrou no programa americano de subsídio. O auxílio ocorre no momento em que o Brasil busca superar a produção dos EUA para se tornar o maior produtor mundial do grão. A expectativa oficial é de uma safra de 85,4 milhões toneladas, previsão reduzida no início deste ano em 4,6 milhões de toneladas.
O engenheiro agrônomo e economista André Nassar, autor do estudo elaborado pela Agroicone, diz que a soja e o milho foram as "as grandes surpresas negativas para o Brasil". Ele avalia que os recursos disponibilizados pelo governo americano devem ampliar a área plantada, aumentando a produção. Isso deve afastar a meta brasileira de se tornar o maior produtor mundial de soja. "Os subsídios reduzem os riscos para o produtor, que irá responder aos estímulos do governo com aumento de área (plantada)."
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A CNA calcula em US$ 1,5 bilhão a perda para o milho, com impacto anual de US$ 280 milhões sobre a balança comercial, a partir de uma redução de preço de 4%. O algodão brasileiro pode perder US$ 340 milhões com uma queda na cotação prevista em 4% e uma média anual de US$ 70 milhões de impacto sobre as exportações.
O recuo no preço seria o reflexo de um aumento na produção pelos Estados Unidos apoiado em incentivos que devem somar US$ 64,5 bilhões até 2018. A Farm Bill prevê o aumento na cobertura de seguros agrícolas, que passam a variar de 70% a 90% das perdas que os brasileiros possam ter ao longo do plantio. Já a derrubada no valor das commodities pode ser o reflexo da elevação de preços de referência internos, que os americanos receberão mesmo se houver queda no valor das commodities no mercado global.
Subsídios nocivos. Os números integram o estudo "Política Agrícola dos Estados Unidos e da União Europeia: Impacto no Agronegócio Brasileiro", elaborado pela consultoria Agroicone a pedido da CNA. É o primeiro posicionamento formal do agronegócio brasileiro sobre incentivos desde o impasse do algodão na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2010.
De acordo com o estudo, o preço do milho poderá cair entre 3% e 5% nos próximos cinco anos por causa do subsídio dos EUA. Para a soja, a variação é de 2% a 4% e para o algodão entre 3,7% e 4,3%. As quedas refletem o repasse de recursos previstos na Farm Bill de US$ 40,3 bilhões para o milho, US$ 19,2 bilhões para a soja e US$ 5 milhões, para o algodão.
"O setor produtivo está indignado com o tamanho desses subsídios nocivos, o que pode ampliar a área de produção nos Estados Unidos, provocando uma depreciação dos preços no mercado internacional", disse a presidente da CNA, a senadora Kátia Abreu (PMDB-RO).
Soja é surpresa. Foi a primeira vez que a soja entrou no programa americano de subsídio. O auxílio ocorre no momento em que o Brasil busca superar a produção dos EUA para se tornar o maior produtor mundial do grão. A expectativa oficial é de uma safra de 85,4 milhões toneladas, previsão reduzida no início deste ano em 4,6 milhões de toneladas.
O engenheiro agrônomo e economista André Nassar, autor do estudo elaborado pela Agroicone, diz que a soja e o milho foram as "as grandes surpresas negativas para o Brasil". Ele avalia que os recursos disponibilizados pelo governo americano devem ampliar a área plantada, aumentando a produção. Isso deve afastar a meta brasileira de se tornar o maior produtor mundial de soja. "Os subsídios reduzem os riscos para o produtor, que irá responder aos estímulos do governo com aumento de área (plantada)."
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