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Mesmo agente do governo matou dois manifestantes na Venezuela

Investigação criminal indicia um funcionário do Serviço Bolivariano de Inteligência pela morte de dois civis no dia 12 de fevereiro, em Caracas 

Uma investigação criminal identificou um agente do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin, a polícia política do país) como autor dos disparos que mataram duas pessoas em 12 de fevereiro, reporta o El Universal nesta sexta-feira. O agente José Ramón Perdomo Camacho, de 42 anos, foi preso sob a acusação de ter matado o estudante Bassil Alejandro Dacosta, 23, e Juan Montoya, 51, líder de uma milícia chavista. Ambos morreram em Caracas no dia que marcou o início da onda de manifestações contra o governo de Nicolás Maduro.
De acordo com um documento do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminais, órgão responsável pelo caso, os projéteis de calibre 9 milímetros que mataram Dacosta e Montoya partiram da mesma arma, uma pistola automática Beretta, modelo 92FS. O resultado da perícia técnica foi alcançado graças às comparações balísticas de doze armas de membros da segurança estatal que estavam presentes no dia dos assassinatos.

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Segundo o jornal, o primeiro tiro de Camacho foi contra Montoya, atingindo-o na face. Minutos depois, Camacho alvejou Dacosta, que foi atingido na parte traseira da cabeça. Ambos os assassinatos foram cometidos no centro de Caracas, próximo à igreja Candelária. Graças aos vídeos e fotos feitos por manifestantes e jornalistas, foi possível identificar rapidamente que agentes do Sebin estavam envolvidos nas mortes do dia 12 de fevereiro.
Em 25 de fevereiro foram apresentados à Justiça o comissário-chefe, Manuel Benigno Perez, o subcomissário Edgardo José Lara Gomez, o inspetor Hector Andres Rodriguez Perez e os detetives Josner Marquez Fernandez e Jimmy Alexis Sáez Osorio; todos da Sebin. Na ápoca, eles foram acusados de tentativa de homicídio com premeditação e motivos fúteis, mau uso de arma de fogo, conspiração e obstrução da Justiça. Segundo o próprio governo Venezuelano, os funcionários da Sebin que dispararam contra os manifestantes desobedeceram a ordens expressas de não abrir fogo contra civis.

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Há um mês e meio a Venezuela vive uma onda de protestos contra o governo. As manifestações já deixaram 35 mortos e mais de 450 feridos. Os manifestantes protestam contra a inflação, o desabastecimento, a violência e por maior liberdade de expressão. Maduro considera que os protestos são um golpe de Estado orquestrado pela oposição em aliança com os Estados Unidos e a Colômbia.

Alemanha condena Venezuela - A Alemanha tachou nesta sexta-feira de "violação dos direitos humanos" a resposta da Venezuela aos protestos da oposição e exigiu o início urgente de um diálogo que "acabe com a escalada de violência". O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Martin Schäfer, fez a afirmação em uma coletiva, na qual garantiu que o executivo observa há dias com atenção a situação na Venezuela e não está tranqüilo com o que tem acontecido no país. Schäfer considerou que a resposta das forças de segurança venezuelanas aos protestos da oposição são "desproporcionais, uma violação dos direitos humanos" e das obrigações que o governo tem.

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