Pular para o conteúdo principal

“Intercept Brasil” coloca imprensa brasileira séria na maior enrascada

Foto: /Agência Estado/Arquivo
Glen Greenwald, o dono do Intercept Brasil
A preocupação com que os veículos de comunicação brasileiros que se associaram ao Intercept Brasil para divulgar informações contra a Lava Jato e seus protagonistas têm buscado esclarecer sua postura no episódio mostra o desconforto em que mergulharam.
Devem estar, no mínimo, se sentindo usados pelo até então obscuro site do jornalista norte-americano Glen Greenwald, acusado desde o princípio de ser um meio de comunicação partidário, colocado a serviço do projeto político do deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), seu marido.
Afinal, as primeiras apurações indicam claramente que todas informações foram obtidas criminosamente por uma turma com histórico de pouco respeito às leis na qual pontua, inclusive, famoso estelionatário, com propósitos até agora não esclarecidos nos quais se antevê, claramente, que o interesse público não está inscrito.
É por isso que é falaciosa a justificativa da respeitável Folha de S. Paulo de que não incentiva a coleta de dados por meios ilícitos, mas, mesmo sabendo que foram obtidos criminosamente, pode, eventualmente, publicá-los, se forem comprovadamente de interesse público.
No que a distinta sociedade foi atendida ao tomar conhecimento de que o ex-juiz Sérgio Moro conseguiu enfrentar uma organização criminosa muitas vezes combinando o jogo com os procuradores da força-tarefa de Curitiba, algo de que todo o país já sabia?
O pior de tudo até agora foi ver Glen Greenwald e Leandro Demori, os diligentes diretores do Intercept Brasil, primeiro negando que os hackers tivessem sido sua fonte de informação, mas depois admitindo que as receberam deles no momento em os criminosos e suas práticas são descobertos.
No momento, o esforço de ambas as partes – os jornalistas de um lado e os hackers de outro – é garantir que tudo foi feito na base do amor e da amizade e não da pura grana, hipótese mais provável para a troca da mercadoria espúria como a que ofertaram, sem contar do amplo raio em que atuaram, bisbilhotando até a vida do presidente da República.
O assim, se é que se pode chamar, novo jornalismo brasileiro, influenciado por um site com grife de gringo, que acha que os fins justificam os meios, que pode repassar e glorificar informações dadas por quem comete crime, sofre, neste episódio, um grande revés, o que não deixa de ser importante.
Crime também é comparar momentos gloriosos do jornalismo investigativo, representados por coberturas como a do Watergate, que derrubou um presidente da República norte-americano, ou o Pentagon Papers, de impacto igualmente chocante, com esse espetáculo deplorável a que se assistiu lentamente.
Em todos eles, as fontes eram figuras que tiveram acesso a informações por estarem no palco dos acontecimentos e, por algum motivo, discordaram do que assistiam. Vazando o que sabiam, mudaram a história de seu país e do jornalismo. Mas, seguramente, não o fizeram descumprindo a lei ou roubando com o propósito de ganhar dinheiro.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p