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Reestruturação da dívida de Portugal é inevitável


Davos (Suíça) - A reestruturação da dívida soberana de Portugal irá, inevitavelmente, seguir a da Grécia e há uma elevada probabilidade de que a Irlanda e a Espanha terão de realizar a mesma remodelação dos pesados endividamentos de seus bancos, de acordo com o economista e acadêmico norte-americano Kenneth Rogoff.
Professor de Economia da Universidade de Harvard que realizou uma extensa pesquisa sobre a história das crises financeiras e de defaults de dívida, Rogoff afirmou que acredita que as asserções dos líderes europeus de que não haverá outra reestruturação depois da Grécia são tão falsas quanto as afirmações anteriores de que a carga da dívida grega seria sustentável.
Em entrevista concedida nos bastidores do Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), Rogoff disse que a atual melhora nos mercados de títulos da dívida de países periféricos da zona do euro é "uma ilusão". Segundo o economista, o Banco Central Europeu está "financiando esses títulos e é essa razão da queda dos spreads (de juros)."
Rogoff declarou que os governos "claramente precisam alongar as dívidas", mas, eventualmente, eles terão de "absorver" as perdas e os bancos que estão atualmente comprando os títulos com o financiamento temporário do BCE precisarão ser recapitalizados.
"Que será necessária uma reestruturação na Grécia e em Portugal está claro e, provavelmente, também na Irlanda, onde deve ser suficiente remodelar as dívidas dos bancos, assim como na Espanha, se for considerada a dívida do setor privado e dos grandes bancos", afirmou. "A Itália é um caso a parte e o que deve estar ocorrendo por lá é apenas uma questão de liquidez".
Ele afirmou ainda que o Chipre e outros países menores da zona do euro também precisarão, certamente, de reestruturação, mas a Bélgica, assim como a Itália, deve, provavelmente, escapar por meio de "um gerenciamento razoável". Segundo Rogoff, reestruturações da França e Alemanha, por outro lado, são "extremamente improváveis".
A pressão para forçar essas ações drásticas deve ser mais política do que econômica, disse Rogoff, citando exemplos históricos que formam parte dos dados acumulados pelo seu livro "This Time Is Different", escrito em parceria com Carmen Reinhart.
"Não se pode apenas pedir aos países periféricos para que absorvam os títulos e depois paguem porque eles estão sendo impelidos a fazer coisas politicamente que nunca fizeram antes", observou. "Nós observamos o caso da Romênia, onde o (ex-ditador Nicolae) Ceausescu foi obstinado em pagar a dívida. Eles fizeram isso, mas ninguém tinha aquecimento durante o inverno. As pessoas eram miseráveis. Isso é simplesmente insustentável em uma democracia". As informações são da Associated Press.

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