Agência de energia atômica da ONU inicia visita de três dias ao Irã
Ahmadinejad minimiza peso de sanções contra o Irã e diz que o país está pronto para negociar com as grandes potências
Representantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da Organização das Nações Unidas, inicia neste domingo (29) uma visita de três dias ao Irã. O objetivo é procurar soluções para o programa nuclear do país."A equipe da agência vai ao Irã com um espírito construtivo e confiamos de que o Irã trabalhará conosco nesse mesmo espírito", disse em um comunicado Yukiya Amano, diretor geral da agência, no último dia 23, quando foi confirmada a visita. "O objetivo geral da AIEA é resolver todas as questões substantivas pendentes", acrescentou.
A visita da delegação acontece dois meses após um relatório da agência afirmar que há indícios de que o Irã manteve, de 2003 até um passado recente, atividades que aparentemente estão relacionadas com o desenvolvimento de uma arma nuclear.
Em novembro de 2011, a AIEA listou uma série de atividades concernentes ao desenvolvimento de armas nucleares no país. O texto afirmou ainda que “antes do fim de 2003 essas atividades aconteceram sob um programa estruturado, e que algumas atividades ainda podem estar em andamento."
Após a divulgação desse relatório, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e outros países da UE (União Europeia) ampliaram as sanções econômicas impostas contra o Irã.
À época, Teerã afirmou que o relatório era baseado em informações falsas de órgãos de inteligência ocidental. O governo iraniano afirma que seu programa nuclear é inteiramente pacífico, e será usado na produção de energia e tratamentos médicos.
No dia 9 deste mês, a Aiea confirmou que o Irã começou a enriquecer urânio em uma nova planta dentro de uma montanha, o que impediria um possível ataque aéreo. Em comunicado, a agência disse que “pode confirmar que o Irã iniciou a produção de urânio enriquecido até a 20% (...) na planta de enriquecimento de Fordow”, localidade próxima à cidade sagrada xiita de Qom.
Embargo da Europa
No último dia 23, os países da União Europeia anunciaram um embargo gradual das exportações de petróleo do Irã e o congelamento dos ativos do Banco Central. O acordo foi aprovado pelos ministros de Relações Exteriores dos 27 países em Bruxelas, na Bélgica.O texto do acordo proíbe imediatamente os países europeus de estabelecerem novos contratos no setor do petróleo com o Irã, o segundo produtor da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) depois da Arábia Saudita. Mas há um período de transição para encerrar os contratos já existentes, que vale até 1º de julho.
Um dia depois do anúncio da União Europeia foi a vez de a Austrália anunciar que adotaria um embargo petroleiro contra o Irã.
Os Estados Unidos comemoraram as novas sanções da UE contra o Irã. Para o presidente Barack Obama, a decisão demonstra "mais uma vez a união da comunidade internacional frente a grave ameaça que representa o programa nuclear iraniano". Obama também prometeu que seu país imporá "novas sanções para aumentar a pressão sobre o Irã". E citou o exemplo do banco Tejarat, que foi agregado pelo Departamento do Tesouro à lista negra americana das empresas sancionadas por apoiar o programa nuclear iraniano.
Logo após os anúncios de embargo, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad disse que o país estava disposto a iniciar negociações nucleares com as grandes potências, e minimizou o impacto das novas sanções econômicas adotadas contra Teerã.
Na última quinta (26), Ahmadinejad disse que o Irã "não será afetado" pela nova rodada de sanções petroleiras. "Em outra época, 90% de nosso comércio era feito com a Europa, mas agora está em apenas 10%", disse Ahmadinejad. "Há 30 anos que os Estados Unidos não compram petróleo do Irã e não mantêm relações com o nosso Banco Central", acrescentou o presidente iraniano. "O povo do Irã não será afetado".
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