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Obama denuncia desigualdade em discurso do Estado da União

Visando às eleições, Obama faz discurso voltado para classe média e defende reforma tributária sobre grandes fortunas

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O presidente americano, Barack Obama, destacou em seu discurso do Estado da União que o desafio mais urgente nos Estados Unidos é restaurar o sonho americano, garantindo que todo cidadão que trabalhe duro tenha sua recompensa, através de uma reforma tributária que permita maior igualdade.
Desafio: Melhora em índices econômicos é alívio, mas não salvação para Obama

Foto: AP
Obama faz discurso do Estado da União no Capitólio em Washington, EUA

"Nós podemos nos contentar com um país onde um cada vez menor número de pessoas vive muito bem, enquanto um crescente número de americanos mal levam a vida", afirmou o presidente, definindo essa questão como o desafio "mais urgente" e o debate "mais importante".
Em discurso populista e desafiador ao Congresso, Obama, que busca a reeleição esse ano, propôs mudanças radicais na legislação tributária - destacando que os milionários deveriam pagar um imposto de no mínimo 30% - para eliminar as desigualdades que permitam aos ricos pagarem taxas menores em comparação à classe média.
A mensagem de Obama carrega um tom eleitoral, uma vez que a divulgação da declaração do imposto de renda de Mitt Romney - um potencial rival republicano - mostra que ele - um dos candidatos mais ricos a concorrer pela Casa Branca na história -, paga 13,9% de impostos, uma quantia bem menor que a maior parte dos americanos.
"Milhões de americanos que trabalham duro e cumprem as leis todos os dias merecem um governo e um sistema financeiro que faça o mesmo", disse o presidente. "É hora de aplicar as mesmas regras de cima para baixo."
Obama defendeu uma longa lista das políticas que são sua marca - reformas em Wall Street, reformas na saúde, gastos estimulados pelo governo -, enquanto também ofereceu propostas de interesse republicano, como novas reduções nos impostos corporativos.
Em uma atmosfera festiva e tranquila, com a participação da congressista Gabrielle Giffords que renunciará ao cargo para tratamento por ter sido baleada na cabeça no ano passado, Obama começou e terminou seu discurso de mais de uma hora saudando os soldados que lutaram nas guerras do Iraque e o Afeganistão e destacando que seu trabalho em equipe deve servir como exemplo para o país enfrentar seus desafios.
Obama propôs a utilização de metade do dinheiro economizado com o fim das guerras para cobrir os custos em novos investimentos de infraestrutura dentro do país.
Ele pediu por uma redução nos impostos corporativos e o maior incentivo para que indústrias americanas tragam "os empregos de volta para o país", ao mesmo tempo em que defendeu a retirada de incentivos fiscais para empresas que terceirizam sua mão de obra. Obama disse que cada companhia multinacional deveria pagar uma taxa mínima de impostos, enquanto os fabricantes norte-americanos mereceriam uma isenção.

Foto: AP
Obama abraça a congressista Gabrielle Giffords antes de fazer pronunciamento
"É hora de pararmos de recompensar empresas que buscam empregos fora do país, e começar a recompensar companhias que criam empregos aqui na América", disse Obama para em seguida alfinetar o Congresso. "Enviem-me um projeto de lei com essas reformas tributárias, que eu assino imediatamente".
Obama falou sobre a criação de uma nova unidade para investigar práticas comericais injustas no mundo, principalmente na China. Obama disse que os EUA iriam dar às suas empresas capacidade de ficar a pé das chinesas ou outros competidores que se utilizem de medidas injustas para tornar seus produtos mais atraentes e competitivos. Ele defendeu melhores inspeções para impedir que produtos falsificados e piratas entrem no país.
Ele pediu que o Congresso aja de forma mais compreensiva com a reforma das leis imigratórias, uma importante plataforma eleitoral que garante o voto dos hispânicos - volumosa massa eleitoral de Obama em 2008.

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