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NOVA DÉLHI - A presidente Dilma Rousseff resumiu ontem, em Nova Délhi, em entrevista coletiva, o sentimento de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – grupo de países conhecido como Brics – em relação ao Irã. Dilma pediu que os demais países “baixem o nível da retórica e se entendam” em relação à situação iraniana. Ela se referia às pressões, principalmente dos EUA e de países europeus, para que sejam aplicadas sanções aos iranianos.

Dilma critica 'retórica agressiva' contra o Irã - Wilson Pedrosa/AE
Wilson Pedrosa/AE
Dilma critica 'retórica agressiva' contra o Irã



A ideia das sanções é forçar o Irã a desacelerar seu programa nuclear – que os países acusam de ter finalidade bélica. Teerã rejeita a acusação.


Dilma qualificou de “extremamente perigosas as medidas de bloqueio de compras do Irã”. Ela justificou que vários países precisam importar produtos, como petróleo, oferecidos pelos iranianos, assim como eles precisam vendê-los para não ficarem isolados e acuados.


Para Dilma, qualquer posição em relação ao Irã só pode ser adotada pela ONU e não isoladamente por qualquer país. “Nós achamos que é necessário que haja, de parte a parte, uma redução do conflito, para permitir que, no âmbito do direito internacional – e não de decisões de país, mas no âmbito da ONU –, se façam todas as tratativas para prevenir conflitos”, declarou.


E insistiu: “Em vez da retórica agressiva, que se use – diante do direito internacional – o direito de os países usarem energia nuclear para fins pacíficos, assim como nós fazemos”.


O documento final firmado pelos cinco presidentes dos países emergentes, traz um parágrafo em relação ao tema, advertindo que é preciso impedir que haja uma “escalada em direção a um conflito”.

Cita ainda o dever do Irã de permitir visitas de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) às suas instalações nucleares.

Todos os presidentes dos Brics apresentaram suas posições em relação ao tema, seguindo a linha da conciliação.


A presidente brasileira, mais cedo, em seu discurso na reunião do bloco tinha dito que era preciso abrir espaço para uma solução negociada.


Ela defendeu a necessidade de que se encontre uma solução para o Irã e emendou dizendo que “o diálogo e o reconhecimento das diversidades são componentes essenciais para a paz”.


Síria. O documento final assinado pelos presidentes dos cinco países emergentes também faz menção à escalada da violência na Síria e pede o fim dos confrontos. Os países apoiam ainda a missão do ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan de mediação do conflito e descartam a possibilidade de darem apoio a uma intervenção armada na Síria. “No caso da Síria, repudiamos a violência e as violações aos direitos humanos e apoiamos a ação do enviado especial das Nações Unidas e da Liga dos Estados Árabes, Kofi Annan, disse Dilma.


Já o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, após destacar que não se pode permitir interferências externas na Síria, defendeu o entendimento entre governo e oposição.


Medvedev apresentou ainda uma proposta de ajuda humanitária pelos Brics ao país e disse que a Rússia já estava oferecendo essa assistência. Os demais países se omitiram da tarefa de comentar a proposta em seus comunicados.


O documento resume a posição dos Brics dizendo que o bloco expressa “a profunda preocupação com a situação na Síria”. “Apelamos pelo fim imediato de toda a violência e as violações aos direitos humanos naquele país”, diz o relatório final da cúpula.


Palestinos. Apenas a presidente Dilma fez menção explícita à questão palestina.

O documento apenas pede que não se adie a resolução de conflitos duradouros, referindo-se ao existente entre Israel e os países árabes.

“O Oriente Médio tem de deixar de ser foco permanente de tensões mundiais. Isso só será possível com a existência de um Estado palestino, livre e soberano, em convivência pacífica com um Estado de Israel seguro em suas fronteiras e em paz com seus vizinhos”, afirmou a presidente, acrescentando que “naquela região, como em outras, a indiscriminada utilização de sanções econômicas e, sobretudo, de ações militares – unilaterais ou ao arrepio do direito internacional – têm produzido uma deterioração das situações que pretendiam resolver”.

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