Empreendedores de Campinas querem trabalhar na lua
Startup criou solução para melhorar a eficiência energética em indústrias e planeja ferramenta que possa ser usada fora da Terra
Aplicar um software industrial no espaço pode parecer ficção científica, mas é uma meta real para o engenheiro Igor Santiago, diretor-presidente da i.Systems, startup sediada em Campinas que criou uma ferramenta de otimização de processos industriais, ou seja, que economiza energia e matérias-primas. “Só estarei satisfeito quando minha ferramenta puder ser usada fora da Terra”, afirma.
O sonho do baiano Santiago ganhou asas na Unicamp, onde ele chegou para fazer sua graduação. “A Unicamp é como o Vale do Silício, todos os alunos são de fora e por isso acabam ficando muito unidos”, diz. Foi nessa época que Santiago, hoje com 30 anos, conheceu seus atuais sócios: os também baianos Leonardo Freitas, 29, e Danilo Halla, 28, e o paulista Ronaldo Silva, 30 anos.
O primeiro projeto da empresa, de 2009, foi para a Coca-Cola e conseguiu uma economia anual de 500 mil litros do refrigerante, que seriam descartados, além de evitar o descarte de 100 mil garrafas pet. Na época a empresa fazia parte da incubadora da Unicamp, e depois continuaram a melhorar sua ferramenta participando de um programa da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). “Esse tipo de apoio é muito importante”, destaca Santiago. Hoje, a i.Systems conta com o apoio do Endeavor.
O que a empresa oferece é um software que funciona como um operador virtual que, com base em dados de consumo da indústria, permite uma otimização no uso dos insumos e da energia. O diferencial em relação a outros programas de controle de consumo é atuar o mais próximo possível às válvulas das indústrias, o que, segundo o empreendedor, é inédito e permite um resultado melhor do que outros sistemas que já existem. “Conseguimos implantar a solução em cerca de duas horas, sem que a indústria pare seus sistemas”, diz. Ele calcula que só o setor sucroalcooleiro tenha uma perda de energia da ordem de R$ 4 bilhões ao ano por falta de eficiência energética.
Hoje, Santiago afirma que sua solução está madura e pode ser implantada em qualquer indústria. Sua maior base de clientes está no setor sucroalcooleiro, mas ele vê espaço para seguir para outros setores. “A Petrobras já é nossa cliente e neste ano queremos entrar mais forte no setor de óleo e gás”, diz.
Neste ano, a i.Systems já implantou cinco projetos a um custo de R$ 100 mil cada malha e já tem mais de 150 outros projetos fechados. A expectativa é faturar R$ 1 milhão.
E o que a lua tem a ver com isso? “Em menos de dez anos, a China deve ter uma base na lua. Em 50 anos, existe a expectativa de que existam comunidades fora da Terra. Em ambientes de completa escassez de recursos, vai ser preciso reciclar o ar e a água, e a eficiência dos processos industriais terão que ser próximas de 100%”, diz Santiago. Hoje, ele e sua equipe trabalham para chegar lá.
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