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França confirma morte do atirador de Toulouse após invasão da polícia

Tropa de elite invadiu local em que Mohamed Merah estava desde a quarta.
Ele assumiu 7 assassinatos, inclusive de 3 crianças, e elo com a al-Qaeda.


O governo da França confirmou que o franco-argelino Mohamed Merah, o atirador de Toulouse, morreu na manhã desta quinta-feira (22) durante um ataque da RAID, a tropa de elite francesa, ao apartamento em que estava cercado desde a véspera.
O ministro do Interior francês, Claude Guéant, disse em entrevista em Toulouse que Merah resistiu à prisão e que houve troca de tiros. Ele pulou da janela atirando e foi encontrado morto no chão.
Os agentes, precedidos por uma equipe de vídeo, entraram no fim da manhã no apartamento, avançando "passo a passo" em prevenção a eventuais explosivos.
Durante a ação, os policiais tiveram de procurar Merah, que estava escondido no apartamento de Côté Pavée, no subúrbio de Toulouse, mas foi finalmente encontrado.
"No momento em que uma sonda de vídeo foi enviada ao banheiro, o assassino saiu do banheiro, atirando com extrema violência", disse Guéant.
Ele acrescentou que o acusado de ataques terroristas atirava com várias armas ao mesmo tempo.
"As rajadas foram frequentes, muito duras. Um funcionário da RAID que está acostumado com intervenções disse que nunca viu uma operação com tanta violência", afirmou.
O jovem de 23 anos atirou-se da janela durante o tiroteio e foi achado morto no chão, encerrando 32 horas de impasse.
"No fim, Mohamed Merah pulou da janela com sua arma na mão, continuando a atirar. Ele foi achado morto no chão", disse Guéant.
Uma fonte policial afirmou à France Presse que ele teria sido morto por disparos quando tentava fugir pela janela e que já teria chegado sem vida ao chão, mas não havia confirmação oficial desta informação.
Pelo menos três fortes explosões foram ouvidas durante a ação, e houve ao menos cinco minutos de forte tiroteio no prédio de cinco andares, de acordo com testemunhas.
Foram disparados 300 cartuchos de munição de lado a lado.
Três policiais ficaram feridos na operação, um deles em estado grave.
Cidadão francês de origem argelina, Merah já estava havia anos sob vigilância dos serviços de inteligência.
Força especial RAID, da França, monitora o entorno da casa de  Mohamed Merah (Foto: AP)Força especial RAID, da França, monitora o entorno da casa de Mohamed Merah (Foto: AP)
Policiais pouco antes do ataque ao prédio em que estava o atirador nesta quinta-feira (22) (Foto: Reuters)Policiais pouco antes do ataque ao prédio em que estava o atirador nesta quinta-feira (22) (Foto: Reuters)

Além das explosões, a polícia cortou a luz do bairro durante a noite. Uma tentativa de mediação com parentes de Merah não teve sucesso durante a noite de quarta-feira.
Nas primeiras horas da quarta-feira, ele alvejou os policiais que tentaram se aproximar do seu apartamento, e depois se gabou com os negociadores de ter colocado a França de joelhos.
Ele disse que só lamentava não ter conseguido matar mais gente.
Mapa frança atirador (Foto: Arte/G1)
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, deve fazer um pronunciamento sobre o incidente, que provocou a interrupção da campanha eleitoral francesa, na qual ele é candidato à reeleição.
Uma pesquisa divulgada nesta quinta, a primeira depois do massacre escolar, mostra Sarkozy oito pontos percentuais atrás do seu rival socialista numa simulação de segundo turno, embora o presidente conservador tenha uma ligeira vantagem para a primeira rodada da votação.
Massacre em escola
Merah, um francês de origem argelina de 23 anos, teria confessado às autoridades francesas que, desde 11 de março, matou três soldados, três crianças judias e um rabino para, segundo ele, "vingar a morte de crianças palestinas" e em represália à participação de tropas francesas na guerra do Afeganistão.
Ele chegou a falar que iria se entregar por mais de uma vez, mas não o fez.
Mais cedo, Guéant havia dito que durante a madrugada não foi possível estabelecer contato com o suposto assassino.
Imagem liberada pela rede de TV France 2 mostra rosto do suposto atirador de Toulouse (Foto: AP/France 2)Imagem liberada pela rede de TV France 2 mostra rosto do suposto atirador de Toulouse (Foto: AP/France 2)
Guéant disse que Merah prometera entregar-se às 22h45 de quarta-feira (21), mas, quando se restabeleceu contato ele mudou de discurso. O rapaz teria dito que “queria morrer com as armas nas mãos”.
Policiais preparam-se para deixar o local do cerco após a ação na manhã desta quinta-feira (22) em Toulouse (Foto: AP)Policiais preparam-se para deixar o local do
cerco após a ação na manhã desta
quinta-feira (22) em Toulouse (Foto: AP)
“Desde então, e apesar dos esforços para restabelecer o contato por rádio e a viva voz, não houve nenhum contato, nenhuma manifestação por sua parte”, afirmou Guéant. “Houve um momento em que foram ouvidos disparos, mas não sabemos a que correspondem”, acrescentou.
O suspeito reivindicou a autoria dos três ataques no sul da França, nos quais disse ter agido "sozinho", disse o procurador de Paris, François Molins.
"Ele não manifesta arrependimento algum", a não ser por "não ter feito mais vítimas", e se vangloria de ter "colocado a França de joelhos", acrescentou o procurador.
Pouco antes, Sarkozy havia afirmado a representantes da comunidade judaica que o suspeito pretendia executar um novo ataque, segundo uma das representantes.
Nicole Yardeni, delegada local do Conselho Representativo de Instituições Judaicas (Crif), afirmou que Sarkozy fez a revelação durante uma reunião com representantes das comunidades religiosas em Pérignon, perto do local onde o suspeito está cercado pela polícia. "[Ele] tinha um plano para matar na manhã desta quarta-feira", disse Yardeni.
O atirador teria afirmado que tem ligação com a rede terrorista da al-Qaeda, mas que agiu sozinho.
Guéant também disse que Merah afirmou ter se recusado a praticar um atentado suicida para a al-Qaeda, mas que teria aceito "uma missão geral" para um atentado na França.
Ele teria dito que recebeu instruções da al-Qaeda durante sua viagem ao Paquistão.
O procurador que investiga os ataques, François Molins, afirmou que a unidade de elite da polícia fez várias tentativas de entrar no apartamento na quarta-feira, mas foi recebida a tiros em todas as oportunidades. Dois agentes ficaram feridos.
A mãe do suspeito, seu irmão e a companheira dele foram detidos como parte da investigação.
As detenções, que segundo a lei francesa podem durar até quatro dias em casos de terrorismo, aconteceram na manhã desta quarta. O ministro Guéant afirmou que foram detenções preventivas.
Explosivos foram encontrados no carro de um dos irmãos do suspeito.
O suspeito era investigado pela Direção Central de Informação Interna (DCRI), desde um primeiro atentado em Montauban, quando dois soldados foram mortos.
No dia 11 de março, este homem teria matado também um soldado de origem magrebina em Toulouse.
No dia 15, ele atirou em três soldados do regimento de paraquedistas na cidade vizinha de Montauban - dois de origem magrebina e o terceiro de origem caribenha - matando dois e ferindo um gravemente.
IP
A polícia chegou ao suspeito depois de rastrear o endereço IP do computador de seu irmão.
As análises dos vídeos das câmeras de vigilância e o perfil psicológico de Merah também foram decisivas para a identificação.

A morte de Merah frustra as esperanças das autoridades francesas de capturá-lo vivo e levá-lo à justiça, mas suas conexões continuarão a ser investigadas, em um momento de grande polêmica na França sobre a vigilância das redes islamitas por parte dos serviços de inteligência, já que estes sabiam que Merah havia passado por Afeganistão e Paquistão e admitiram que ele estava sob vigilância.
Polícia bloqueia quarteirão em operação para prender suspeito de ataque a escola judaica (Foto: Pascal Parrot/Reuters)Polícia bloqueia quarteirão em operação para prender suspeito de ataque a escola judaica (Foto: Pascal Parrot/Reuters)

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