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Animais gigantes da Austrália foram extintos por humanos

Teoria corrente creditava desaparecimento da megafauna australiana, por volta de 40 mil anos atrás, às mudanças climáticas

Sthenerus Canguru gigante australiano pertencente ao extinto gênero Sthenurus. Ele chegava a medir até três metros de comprimento, sendo aproximadamente duas vezes maior que o canguru moderno (Divulgação/Wikipedia)
Pesquisa de seis universidades australianas mostrou que os primeiros habitantes da Austrália podem ter tido o costume de caçar animais gigantes, quando chegaram, há 40 mil anos, ao território onde hoje fica o país. Com isso, os cientistas acreditam ter posto fim ao longo debate sobre como esses vertebrados de grande porte – como cangurus, gansos e lagartos gigantes – desapareceram subitamente do ecossistema australiano.

Com a extinção desses animais herbívoros, o consumo de material vegetal caiu fortemente, o que teria causado uma rápida e dramática mudança na paisagem australiana. Antes, as terras mesclavam florestas com áreas abertas de pastagem. Mas as florestas depois passaram a se espalhar, e árvores de eucalipto roubaram a cena do lugar, segundo os pesquisadores.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The Aftermath of Megafaunal Extinction: Ecosystem Transformation in Pleistocene Australia

Onde foi divulgada: revista Science

Quem fez: Susan Rule, Barry W. Brook, Simon G. Haberle, Chris S. M. Turney, A. Peter Kershaw e Christopher N. Johnson

Instituição: The Australian National University, James Cook University, University of Adelaide, University of New South Wales, Monash University e University of Tasmania, Austrália

Resultado: Animais gigantes que viveram na Austrália foram extintos logo após o aparecimento de seres humanos na região, há 40 mil anos, período no qual o clima era estável.
Sabe-se que a maioria dos grandes animais terrestres foi extinta nos últimos 100 mil anos, mas as razões para este desaparecimento são tema de constantes discussões entre cientistas. Os últimos argumentos defendiam que a diminuição dessas espécies decorreu de uma grande mudança climática ou de um incêndio generalizado. Mas pesquisa publicada nesta sexta-feira na revista Science contradisse essa teoria.

Para resolver o mistério, os cientistas rastrearam os herbívoros de grande porte ao longo dos anos por meio de um método que analisa os esporos (unidades de reprodução) de fungos específicos que viviam em seus excrementos. "Os esporos desses fungos podem ser preservados em sedimentos em pântanos e lagos. Como os sedimentos se acumulam ao longo do tempo, é possível saber em que período da história houve ou não abundância de grandes herbívoros no ambiente", explica Chris Johnson, líder do estudo.

Segundo o pesquisador, partículas de pólen e de carvão vegetal também ficam presas nesses sedimentos, ou seja, é possível analisar a história e a abundância dos grandes animais em relação às mudanças na vegetação do ambiente e a um possível incêndio. A pesquisa se focou, em grande parte, em um pântano chamado Lynch’s Crater, no nordeste do estado australiano de Queensland.

Os cientistas descobriram que a quantidade de mamíferos gigantes era estável até pouco antes de 40 mil anos atrás, momento em que subitamente caiu. "Isto exclui as mudanças climáticas como causa da extinção, já que antes do desaparecimento houve vários períodos de seca que não causaram nenhum efeito sobre a quantidade dos animais. E no momento em que eles foram extintos, o clima era estável", diz Johnson.

Ainda de acordo com os dados cronológicos levantados pela pesquisa, os cientistas perceberam que a extinção se seguiu logo após o momento em que pessoas chegaram à região – também há 40 mil anos –, por isso acreditam que os seres humanos foram os responsáveis por ela. "Nosso estudo não se concentrou em descobrir diretamente de que forma as pessoas causaram a extinção, mas o mecanismo mais provável é a caça", conclui o pesquisador.

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