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Especialistas dos EUA, Europa e Brasil debatem quais são as lições que ficam após a maior crise do capitalismo financeiro
Economistas da Europa, Estados Unidos e Brasil reuniram-se nesta quarta-feira, na Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo, para discutir a estabilidade financeira e o crescimento econômico, enquanto as preocupações sobre a crise internacional continuam presentes no cenário econômico. Como era de se esperar, não houve consenso ou tão pouco receitas fáceis para saídas para a crise.
Foto: BBC BrasilAmpliar
“É preciso alterar a arquitetura do euro ou a situação vai piorar”, diz o economista Thomas Palley.

Porém, as lições sobre as dificuldades atravessadas nos últimos anos já começam a ser enumeradas. Uma delas é que os países não se inspiram em experiências alheias, para driblar suas próprias dificuldades. “As nações geralmente aprendem com suas próprias crises, mas não com as de outros países”, afirma Robert Boyer, diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica e da Escola de Estudos Superiores em Ciências Sociais na França.

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Como não há aprendizado com os problemas alheios, os países emergentes têm uma vantagem muito significativa: já passaram por mais momentos de recessão, segundo Boyer. Isso levou a uma superação mais rápida da crise que atingiu mais fortemente Europa e EUA.
Outra lição, essa polêmica e não unânime, é que “a dominância financeira do capital já está acabada”, diz Boyer. Randy Wray, professor de Economia e diretor do Centro para o Emprego Pleno e Estabilidade do Preço do Estado do Kansas, concorda com Boyer. “É fim de jogo para o capitalismo gestor de dinheiro”, diz. “O modelo Wall Street era falho desde o começo, está infetado por uma epidemia de fraudes.”
Um terceiro aprendizado, esse já bastante estudado, é o do maior contágio entre os mercados, causado pela globalização. Segundo Boyer, as crises tendem a ser cada vez mais severas. Um exemplo citado foi a comparação entre a crise de 1998 e a de 2008 no Brasil. Francisco Eduardo Pires de Souza, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e foi categórico: “o choque foi maior em 2008”, diz. Se não sentimos o efeito da ‘marola da crise’ é porque as respostas foram mais rápidas dessa vez.
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Segundo Souza, naquele ano, as exportações diminuíram quase 20% e, para bens manufaturados, a queda chegou a quase 30%. “Os investidores do país pararam de investir, houve queda brusca de vendas de carro e das concessões de crédito também”, afirma. “Mas, apesar do tamanho do choque, a economia brasileira se recuperou rapidamente”.
Se o Brasil conseguiu manter certa estabilidade, o mesmo não aconteceu com a Europa. Para Thomas Palley, economista e chefe da Comissão de Revisão de Economia e Segurança da China nos Estados Unidos, a crise da dívida pública da Zona Euro é uma oportunidade de mudar a ortodoxia. “O euro é uma boa ideia, mas seu projeto é falho”, diz Palley. “Não se trata apenas de adotar a política correta, mas fazer isto no momento certo, infelizmente, é too little, too late para a Europa”.
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Para ele, o Banco Central Europeu não deveria ter políticas diferentes para países diferentes. A solução, segundo ele, seria criar uma autoridade pública financeira para a Europa que venda títulos únicos, juntando o tesouro dos países e repassando a venda desses títulos de acordo com o PIB das nações. “Isso criaria um tesouro sem nenhuma característica nacional”, explica.

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