Sindae acusa Rui de propor vender Embasa sem estudo técnico que garanta recursos
BAHIA
Em nota pública, o Sindicato de Águas e Esgotos se manifesta contra a proposta do governador Rui Costa de abrir o capital da Embasa, vendendo 42% de suas ações no mercado financeiro, segundo ele, para captar recursos e investir em água e esgotamento sanitário. “Nem de longe é uma boa opção para melhorar o saneamento e atender a população que dele necessita”, afirma o Sindae.
De acordo com a entidade, “não existe estudo conclusivo que aponte a abertura de capital como melhor opção para captação de recursos. O capital privado, como é próprio do capitalismo, só investirá em regiões que garantam o retorno do investimento, nunca em regiões pobres. Se o estado não investir nessas regiões a população continuará sem saneamento, convivendo com falta d’água, doenças, ratos etc.
O Sindicato argumenta que a maior empresa de saneamento do país, a Sabesp (SP) abriu seu capital, aumentou bastante a tarifa e transferiu muito dinheiro aos acionistas. “Focada no lucro, deixou de investir na segurança hídrica e levou São Paulo a enfrentar um colapso de água recentemente”, declara. Já a Copasa, de Minas Gerais, fez uma estratégia ardilosa, de acordo com o Sindade.
“Abriu seu capital e ficou só com municípios mais rentáveis, enquanto o governo criou outra empresa para atender a região mais pobre. Nada melhorou. Tese de doutorado concluiu que a privatização não trouxe avanços e que só houve melhoria onde teve investimento público”, diz o texto.
O Sindade afirma que, na última década, a Embasa investiu mais de R$ 8 bilhões, metade de recursos próprios, e tem conseguido financiar seus projetos junto a bancos nacionais e internacionais. Por ser empresa pública, consegue taxas de juros mais módicas. A do governador de fazer parcerias público-privadas (PPP’s) em Salvador e Feira de Santana também é criticada pelos sindicalistas.
Eles dizem que o governador “parece desconhecer a legislação que exige estudos prévios que apontem a melhor alternativa para o interesse público. No caso de Feira de Santana, estudo da própria Embasa apontou que contratar uma PPP seria mais caro do que buscar o financiamento direto”.
“Todos desejam e lutam para garantir saneamento a quem precisa. Mas há um descompasso entre o que deseja o governador e o que a realidade impõe. Se tem algo que não deu certo no Brasil e no exterior foi a privatização do água. Fala-se em defender o pobre, mas é o pobre que acaba sendo penalizado. A água é bem essencial à vida, não pode ser fonte de lucro, de ganância e de poder”, finaliza o documento.
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