Pular para o conteúdo principal

Forças Armadas começam a combater incêndios na Amazônia

Ação foi autorizada por Bolsonaro em decreto; Ministério da Defesa usou foto antiga para divulgar operação no Twitter

As Forças Armadas começaram neste sábado, 24, a operação de combate ao crescente número de incêndios na Amazônia em meio ao clamor mundial contra o presidente Jair Bolsonaro.
A preocupação pelos incêndios na maior floresta tropical do mundo concentrou parte da atenção do primeiro dia da cúpula do G7 em Biarritz, na França, e foi um dos “pontos de convergência” encontrados pelos presidentes Emmanuel Macron e Donald Trump, dos Estados Unidos, em um almoço.
PUBLICIDADE
 
Em Brasília, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, anunciou que as operações das Forças Armadas contras as queimadas começam em Rondônia, um dos sete estados dos nove que formam a Amazônia Legal e que pediram ao governo federal o envio de tropas.
A ação foi autorizada na véspera por Bolsonaro em um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que autoriza as forças no combate dos incêndios por um mês.
Foram enviados vários aviões de combate a incêndios, entre eles dois Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB), à capital do Estado, Porto Velho, uma cidade de meio milhão de habitantes coberta nos últimos dias por uma camada de fumaça.
De acordo com a FAB, as aeronaves modelo C-130 Hércules tem um equipamento composto por cinco tanques de água e dois tubos que se projetam pela porta traseira do avião, podendo carregar até 12.000 litros de água. Segundo o Ministério da Defesa, a ação desses aviões em Rondônia já fazem parte da GLO.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 1.663 incêndios foram identificados entre quinta e sexta-feira no Brasil, mais da metade deles na Amazônia, o maior dos seis biomas do país e lar de mais de 20 dos 210 milhões de habitantes do Brasil.
As cifras oficiais mostram que 78.383 incêndios florestais foram registrados no Brasil neste ano, o pior registro para esse período desde 2013.

Foto antiga

Uma das fotos publicadas no Twitter oficial do ministério da Defesa para divulgar a ação de combate aos incêndios é antiga, de uma operação na Chapada Diamantina (BA) em novembro de 2015. O presidente Jair Bolsonaro compartilhou o tuíte, que afirma que 43.000 militares podem reforçar a ação na Amazônia.
A assessoria de imprensa do ministério pediu desculpas por ter usado uma imagem de arquivo “meramente ilustrativa”.
Bolsonaro criticou o presidente Emmanuel Macron por ter usado uma foto antiga ao comentar sobre as queimadas na Amazônia. A imagem foi feita pelo fotojornalista da National Geographic Loren McIntyre, que morreu em 2003, nos Estados Unidos.

“Preocupada com a saúde”

Em um sobrevoo, na sexta-feira, por uma vasta área de densos bosques de Rondônia, jornalistas viram múltiplos focos de incêndio ao longo de vários quilômetros.
Em Porto Velho, em cujos arredores pode-se ver grandes áreas chamuscadas com troncos ainda fumegantes, várias pessoas afirmavam no sábado que a mistura de nuvens e neblina sobre a cidade é na realidade a fumaça procedente das chamas.
“Estou muito preocupada com o meio ambiente e a saúde”, disse Delmara Conceição Silva, babá de 43 anos. “Tenho uma filha com problemas respiratórios e ela sofre mais com as queimadas”, declarou.
Os especialistas atribuem o aumento dos incêndios ao avanço do desmatamento (o fogo é usado para limpar as áreas já desmatadas, abrir caminhos ou preparar a terra de cultivo).
No início desta semana, Bolsonaro insinuou que as ONGs poderiam ser as responsáveis pelos incêndios para chamar a atenção contra ele, depois de o governo ter cortado seus fundos. A declaração provocou uma onda de críticas nas redes sociais e nas ruas. Milhares de pessoas protestaram no Brasil e na Europa na sexta-feira e novas manifestações foram convocadas para este fim de semana.

“Mobilização de todas as potências”

Neste sábado, no início da cúpula do G7 em Biarritz, o presidente da França, Emmanuel Macron, convocou uma “mobilização de todas as potências” para sufocar as chamas que devoram a Amazônia, considerada vital para o futuro do planeta.
Há dias Macron critica Bolsonaro por sua gestão dos incêndios e ameaça junto com a Irlanda torpedear o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Ao mesmo tempo, a Finlândia disse que vai propor a proibição das importações de carne bovina brasileira ao bloco.
Neste sábado, porém, Alemanha, Reino Unido e Espanha afirmaram que são contra o boqueio do acordo com o Mercosul por conta da política ambiental brasileira.
Na sexta-feira, Bolsonaro advertiu que os incêndios “não podem servir de pretexto para possíveis sanções internacionais” e afirmou que “outros países” que lhe ofereceram ajuda “se colocaram à disposição para levar a posição brasileira ante o G7”, sem especificar quais.
Em um almoço improvisado em Biarritz, Macron abordou a questão dos incêndios com Trump, aliado de Bolsonaro.
Sobre a Amazônia, “tivemos elementos de convergência importantes”, disse a Presidência francesa após o encontro.
Como já fizeram países sul-americanos e europeus como Colômbia, Chile e Reino Unido, Trump ofereceu ajuda a Bolsonaro na sexta-feira. Segundo o presidente brasileiro, na conversa ambos mostraram “um desejo mútuo de lançar uma grande negociação comercial em breve”.
“Qualquer ajuda é bem-vinda, vamos avaliar”, disse neste sábado o ministro da Defesa.
(Com AFP)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular