2020: PT confirma candidatura própria, mas defende “pulverização” da base de Rui no primeiro turno em Salvador
Gilmar Santigo, presidente municipal do PT de Salvador
Em conversa com este Política Livre nesta quarta-feira (28), o presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) de Salvador, Gilmar Santiago, foi expressivo ao afirmar que “há um sentimento generalizado na direção e na base do partido de que temos que ter candidatura própria ano que vem”. A afirmação vem em resposta a uma análise do saldo final das eleições municipais de 2016, quando a sigla optou por disputar como vice, compondo a chapa com a deputada federal Alice Portugal (PCdoB), além da mudança da lei eleitoral, que impede a coligação para eleições proporcionais, e o fato de “ano que vem ser fundamental para o partido construir uma estratégia e pela primeira vez disputar com chance de vitória a capital”, explica o presidente.
Já se apresentaram como pré-candidatos pelo PT os deputados federais Nelson Pelegrino e Jorge Solla, o estadual Robinson Almeida, o vereador Moisés Rocha e, recentemente, a socióloga Vilma Reis, que desponta como novidade diante da crescente discussão em torno de uma candidatura negra na capital. De acordo com Santiago, logo após as eleições internas do partido será iniciado um processo de caravana, o qual deverá visitar as cerca de 20 zonas eleitorais da capital com o intuito de “mobilizar a militância e a comunidade local para a construção de um programa para Salvador”. “Para ter candidatura própria precisamos ter um projeto. O que queremos é a concepção de um novo modelo de desenvolvimento para a cidade, proposta para políticas públicas de saúde e educação, discutir a questão do desemprego que é estrutural. Precisamos dar resposta”, antecipou.
Questionado se o PT de Salvador teria maturidade para eleger o fator racial como prioridade no processo de decisão, Santiago disse ser “um critério bastante positivo, já que Salvador é uma cidade de maioria negra”, mas enfatizou a existência de um “forte racismo estrutural, que figura na política e em outras áreas da vida, como a social e econômica, que impede a existência de um protagonismo negro’”. No entanto, afirmou que “o que vai definir esse processo é exatamente a ampliação do debate, a discussão do programa através das caravanas”.
Uma avaliação feita pelo Instituto Paraná Pesquisas, divulgado há 10 dias, revelou a margem de 8,5% de intenções de voto para o deputado Nelson Pelegrino (PT), que figura como quarto colocado nos cenários em que foi listado, ficando atrás de nomes como Pastor Sargento Isidório (Avante) – primeiro colocado em todos os cenários -, Lídice da Mata (PSB), Bruno Reis (DEM) e Alice Portugal (PCdoB).
Para Santiago, “a pesquisa é um registro do momento, mas também revela um processo de recall, como Isidório que foi o mais votado na última eleição”, entretanto, defendeu o caráter de “pulverização” de candidaturas da base do governador Rui Costa (PT) no primeiro turno, que poderia, em seu entendimento, considerar a “candidatura própria do PT, um Isidório, talvez coligado com um outro partido, e uma terceira alternativa. Aí no segundo turno retomaria a aglutinação da base diante de um candidato do prefeito ACM Neto”.
“Entendemos que a eleição do ano que vem vai ser polarizada porque você tem uma gestão atual que terá uma candidatura, e tudo indica que será o Bruno Reis, que já está em plena campanha por estar na máquina. O que é uma vantagem relativa, porque se tem uma gestão que não consegue responder a grandes desafios que da cidade, principalmente com a questão do emprego, com a questão da política social. Vemos que essa gestão está muito ligada ao desgoverno Bolsonaro. Temos que considerar o cenário nacional, mas acima de tudo trazer uma proposta que sensibilize a população de Salvador a apostar desta vez no PT”, conclui Gilmar Santiago, reforçando que espera contar com a força e apoio do governador Rui Costa e do senador Jaques Wagner (PT), os quais aponta como “principais figuras públicas do partido” e “grandes cabos eleitorais”.
Mari Leal
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