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Joaquim Barbosa reaparece, flerta com candidatura e faz acenos às esquerdas

De maneira incompreensível, ex-ministro do Supremo diz que há semelhanças entre a eleição de Trump nos EUA e o cenário pós-impeachment no Brasil

Por: Reinaldo Azevedo             
 
 
 
A mosca azul picou Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo e relator do mensalão. Antes que um valor como Sérgio Moro se alevantasse, era ele a principal esperança de muitos setores para moralizar o Brasil.
Barbosa participou nesta quarta, no STF, de uma homenagem a Cezar Peluso, também ex-membro do tribunal. Indagado se pretende ser candidato em 2018, saiu-se com esta: “Sou um homem livre, muito livre”. O primeiro “livre”, para mim, já estava bom. O segundo parece tentado a virar um enigma, a sugerir algo mais do que a denotação indica. Imaginem uma mulher que dissesse: “Estou grávida. Muito grávida”. A reiteração não seria gratuita, acho.
Como certamente não foi a do ex-ministro do Supremo. Ele queria justamente que se noticiasse algo como: “Barbosa não descarta ser candidato em 2018 e diz ser muito livre”. Pronto!
Ele evidencia que continua a ter juízos muito singulares sobre a política. E ruins. Seguindo alguma cartilha esquerdista de mau pensador, ele resolveu fazer uma analogia entre a eleição de Donald Trump nos EUA e a situação pós-impeachment no Brasil. É difícil saber qual das duas realidades ele ignora com mais profundidade.
Afirmou, segundo informa o Estadão: “A situação (nos EUA) é muito parecida com a que se instalou no plano político brasileiro após o impeachment, com a diferença de que, lá, a coisa se deu pelas urnas; aqui, ocorreu por um processo controverso, contestado por uma boa parcela da população. Mas a democracia tem esse poder regenerador. Nós teremos paz em 2018, com a eleição de um novo presidente da República, que está no centro de todas as instituições”.
Bem, como ele mesmo notou, os respectivos processos são de tal sorte diferentes que qualquer associação entre as duas realidades cheira a loucura. Mas é com método. É evidente que Barbosa vê com maus olhos a eleição de Trump em razão das opiniões conservadoras do republicano e tenta imputar, então, ao impeachment de Dilma esse mesmo viés.
Vamos lá: o voto conservador decidiu apear os democratas do poder nos EUA. A eleição de Trump certamente tem uma marca ideológica forte. Ocorre que Dilma não foi deposta no Brasil por uma articulação ligada a uma ideologia. Isso só aconteceu porque a) ela cometeu crime de responsabilidade; b) ela perdeu condições políticas de governar. Sem o primeiro fator, o segundo pouco poderia, e a crise iria se aprofundar; sem o segundo, o primeiro não teria tido força para derrubá-la.
E o ex-ministro não foi nada econômico em sua análise ruim. Disse que também é preocupante que Trump tenha uma indicação a fazer para a Suprema Corte: “Completando assim todo um espectro bem conservador nas instituições americanas. Essa visão estará na Presidência, nas duas Casas e na Corte Suprema. Situação muito parecida com a que se instalou no plano político brasileiro após o impeachment.”
Trata-se de uma bobagem monumental
De toda sorte, é inequívoco que Barbosa considera, já que é um homem “muito livre”, disputar a Presidência. Tudo indica que buscará acenar às esquerdas, tendo, no entanto, como estandarte o combate à corrupção, que acabou sendo adotado pelos setores mais conservadores da sociedade brasileira.
Com esse discurso, se candidato fosse, seria impossível saber se Barbosa seria um esquerdistas tentando dar um truque no eleitorado de direita ou um direitista tentando dar um truque no eleitorado de esquerda.

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