Em acordo com Cade, Andrade Gutierrez cita cartel em Belo Monte
Empreiteira falou de acerto com Camargo Corrêa e Odebrecht em contratos de construção e concessão da usina erguida na bacia do Rio Xingu, no Pará
Além da Andrade, as empreiteiras Camargo Corrêa e Odebrecht, ambas também envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras, teriam participado do grupo que dividiu entre si os contratos para construção e concessão de Belo Monte. Pelo menos seis executivos e ex-executivos destas empresas teriam alinhavado o acerto.
Conforme os relatos dos funcionários da Andrade Gutierrez, o cartel foi montado em 2009, quando as três empreiteiras se dividiram em dois consórcios e passaram a combinar as propostas que fariam nas licitações, e durou até 2011.
Embora não tenham vencido a primeira rodada de licitações na usina hidrelétrica, Andrade, Camargo Corrêa e Odebrecht acabaram contratadas pela Norte Energia depois, quando, de acordo com o conteúdo do acordo de leniência, dividiram entre si os 50% que lhes couberam na construção da usina.
A partir da conclusão do inquérito administrativo, que apontaria os indícios de irregularidades, o Cade pode decidir pela instauração de processo administrativo. Após a defesa pelos acusados de fraudes nas concorrências, a superintendência do órgão emite um parecer pela condenação ou o arquivamento do caso em relação a cada acusado. A decisão final cabe ao tribunal do Cade, que pode aplicar às empresas multas de até 20% de seu faturamento. Aos executivos, as multas podem variar de 50.000 reais a 2 bilhões de reais.
O acordo de leniência firmado pela Andrade Gutierrez é o quarto derivado da Operação Lava Jato no Cade. Antes da empreiteira, a Setal Óleo e Gás havia concluído um acordo baseado em cartel em licitações da Petrobras; a Camargo Corrêa fechou dois acordos, com informações sobre fraudes em licitações para a construção da usina nuclear de Angra 3 e das ferrovias Norte-Sul e Integração Oeste-Leste.
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