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Renovação política é desafio para partidos numa Bahia de figurinhas repetidas
Foto: Montagem/ Bahia Notícias
O novo presidente do PT na Bahia, Éden Valadares, tenta ser o símbolo de uma renovação para o partido na Bahia. Ele é um petista clássico, mas é muito mais jovem do que os líderes usuais da legenda. E, em entrevista ao Bahia Notícias, o dirigente falou sobre a renovação, citando a transição de Jaques Wagner para Rui Costa. Porém admitiu que há uma fadiga de formação de novos nomes ao citar o ex-governador como a aposta do grupo político para 2022. Esse talvez seja o grande desafio não apenas do PT, mas da maioria dos partidos brasileiros: a escassez de bons nomes para uma disputa eleitoral.

Vejamos o cenário para candidaturas ao governo da Bahia no próximo pleito. Ao menos três nomes aparecem com frequência, mesmo com poucas declarações públicas. Wagner é o que talvez tenha sido citado formalmente por um dirigente partidário. O Galego foi governador entre 2007 e 2014 e foi eleito para o Senado em 2018. É uma figurinha repetida, porém é o nome mais forte dentro do PT quando excluído o governador Rui Costa – que não pode se candidatar. A eventual candidatura dele passa longe de qualquer iniciativa de renovação. É a diferença entre o discurso e a prática, e os petistas precisam definir uma estratégia de conciliação.

Outro personagem que é citado é o também senador Otto Alencar. Controlador do PSD na Bahia, Otto terá que decidir se pretende renovar por mais oito anos o mandato no Senado. Poderoso partidária e politicamente, o socialdemocrata também não estaria entre os mais jovens como uma aposta eleitoral. É ex-governador, tem um histórico de mais de 30 anos de funções públicas e criador de uma linhagem política que inclui o próprio irmão, Eduardo Alencar, e o filho, Otto Alencar Filho. Tal qual Wagner, é mais uma figurinha repetida no álbum de candidaturas baianas.

O prefeito ACM Neto, em teoria, seria o mais próximo de renovação para uma eleição estadual. Porém carrega consigo o histórico do avô, o ex-senador Antônio Carlos Magalhães, o que o coloca como uma roupagem nova para um personalismo antigo na cena local. O gestor de Salvador até conseguiu se desvencilhar da imagem do carlismo, mas não dá para negar o DNA. E isso será usado não apenas por aliados, que ainda vislumbram uma herança positiva de ACM, como também por adversários, que tentarão associar o neto ao avô e as práticas que teriam sido expurgadas com a vitória do PT em 2006. Ou seja, vai passar pela construção imagética para que a ideia de renovação possa, eventualmente, “grudar nele”.

Como vivemos ao longo dos últimos anos a criação de uma “demanda” por algo novo, é possível que os impactos dessa “necessidade” prossigam até a próxima eleição geral. Em 2018, a construção de Jair Bolsonaro passou por essa fictícia ideia de renovação, mesmo que tudo não tenha passado de uma maquiagem relativamente malfeita, mas que enganou muitos eleitores. Se essa tendência permanecer para 2020, é possível que os partidos realmente tenham que colocar a barba de molho para o pleito seguinte. Por isso acompanhar o que jogadores relevantes fazem na Bahia, a exemplo do PT, do PSD e do DEM, é importante para identificar os futuros cenários.

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